19 Apr 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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Todos nós conservamos dentro de nós um pouco do espírito da criança que um dia fomos.
Tive meus filhos, nossas sementes e depois os netos. Quantas histórias poderíamos contar dessas vidas que são a nossa vida.
Assim como encontrei as cartas do passado de minha avó, que já transcrevi aqui, também encontrei cartas que eu meu irmão e mais três irmãs, escrevemos para meus avós portugueses quando eles estavam em uma estação de águas medicinais. Antigamente era costume quando se tinha um problema de saúde, ser recomendado pelo médico as águas termais.
Assim hoje minha crônica vai ser... “Recordações de Crianças”.
Tínhamos uns papeis de cartas em tons verde e amarelo claro, e em cima tinha um pássaro, rodeado de flores, sobre seu ninho onde estavam três filhotinhos. Era o papel que usávamos para escrever nossas carinhas. Em 1951, minha irmã Lili aos 8 anos escreveu: ”
Vamos lá... Primeiro aquele normal queridos e saudades, etc. Então algumas notícias: “Estou muito contente porque entrei no colégio (das freiras), vou e venho com a Didi(11 anos) e já tenho muitas amigas lá. O Grupo vai cair! ô ô! Queremos que vocês venham bem curados ‘dahi’, nada de tosse pigarra e chiado de locomotiva, viu? Muitas saudades da netinha xodó Amarylis (A Suzana manda muitos beijos e pede desculpas por não saber escrever)”... rsrsss
Uma minha: 1951- o blá, blá, blá... Entre outras coisas falo, como todos nós, que a Maria está com saudades. Era a empregada de meus avós que morava com eles. Digo: ”ela anda arrumando, encerando a casa pois acha que vocês chegam de surpresa. Tratamos bem dos pintinhos todos os dias, o fubá, quirera, alface picada, uma gema e leite (risos) e apesar disso tem morrido alguns. Domingo fomos ao cinema (S.Bernardo) e o filme “Cartas de Amor” foi muito bonito. Desejo que venham logo e estejam curados da pigarra”… e escrevi mais umas coisas da cidade que não posso contar...
A carta de meu irmão Ronald, o Nenê, com 12 anos, tem umas revelações que eu não sabia.
“Meus queridos avós, espero que estejam melhor da bronquite” e a mesma lenga lenga… “saudades”... Aí vem a melhor parte “Aqui está muito animado com a política, até já fizeram uma modinha para o Lauro Gomes com a música da Paraíba. No domingo passado nós fomos passear no Eldorado e lá fizemos uma farra tirando cartazes da Tereza (Delta). Algumas noites ela manda o caminhão com seus capangas e também para chamar atenção do pessoal. Na noite do discurso da Ivete Vargas (filha do Getúlio Vargas) a Tereza estava desesperada e disse no microfone que teria metralhadoras para matar o pessoal e que para isso não acontecer que ficassem todos em casa. Até chorava de raiva”... E terminava: “Peço a Deus para que meus avós venham bem curados sem rangedeira no peito. Muitos beijos e saudades do netinho. Ronald”.
Tem outras que falam: “Vovó... suas plantinhas estão muito bem e mandam lembranças
Da irmã mais nova, aos 7 anos: Vovô e Vovó queridos. Só tiro nota 10. Estou com saudades Beijos da Rosinha.
Tenho muitas histórias engraçadas de meus filhos e netos. Mas receber essas cartinhas, imagino a felicidade de meus avós quando elas chegavam.
Uma pena que hoje só se escreve pela internet... assim as palavras se perdem no ar...
Bom, histórias de crianças não acabam aqui. Quem não ama esses pequenos que são a nossa vida? Só dando muito amor nós também o receberemos...
Um abraço, Didi

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