24 Apr 2024


Que saudades das casas de nossos avós...

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
Lido 547 vezes
Avalie este item
(0 votos)

Na semana que passou foi o dia dos netos e o dia da família. Sempre que relembramos nossa meninice nela está a figura de nossos avós.
Como era bom estarmos na casa deles sem termos a preocupação de seguir muitas regras.
A convivência com os avôs portugueses, devido durante algum tempo termos morado juntos onde hoje é a Escola Terra Mater, onde antes havia sido o Colégio São José, foi muito grande. Quando nos mudamos para a Rua João Pessoa eles foram morar na casa ao lado da nossa.
Com a avó alemã que cedo ficou viúva, que também morava próximo a nós, na rua Dr. Flaquer, tenho menos lembranças. Lembro sempre que ao chegarmos a avó Catharina e a tia Leone já nos faziam farinha de trigo frita com açúcar, colocavam dentro de papel pardo(do pão), e ficávamos com as bocas todas enfarinhadas ao lambermos a “iguaria”. Recordo delas também nos dando um pequenino cálice de licor e de comermos as peras d’ água do quintal. Como eram lindos os canteiros todos floridos comos junquilhos, rosas, esporinhas.... Como meu pai foi o filho temporão, já conheci sua mãe com bastante idade. Magrinha com seu virotinho branco e seus lindos olhos azuis. Hann...e tinha o Bolo Cospe Caroço, com as uvinhas pretas.
Com minha avó Assumpção que era portuguesa, convivi muito mais. Como era bom, quando ela ia fazer a arrumação no guarda roupa e descobríamos os segredos dentro deles. A caixa das bijuterias e jóias que eu e minhas três irmãs espalhávamos sobre a cama para experimentarmos e admirarmos já escolhendo algumas peças para o futuro. Os cortes de tecido que iriam ser nossos vestidos pelas mãos de fada da nossa avó. Lembranças que ela guardava do seu tempo de meninaou de quando era jovem. O cachinho preso com uma fita do primeiro corte de cabelo e o primeiro sapatinho assim como a tiara do casamento de minha mãe, sua única filha...
-Mãe... Hoje vou almoçar na vovó...
Sexta feira era o dia do bacalhau. Geralmente à moda portuguesa. Com batatas, cebolas, pimentão, tomates, azeitonas e muito azeite. E o seu feijão? Tinha um gosto especial que por melhor que eu faça nunca tem o gostinho do dela.
Galinha se matava em casa assim como coelho. Colhia-se o sangue da galinha para fazer o molho pardo. O coelho era preparado ao vinho tinto com batatas.
Nós a olhávamos fazer isso naturalmente. Em tempo que não havia matadouro desses animais, tudo era feito em casa e no quintal. Era ela que cuidava do galinheiro, mas, nós adorávamos colher os ovos.
Comprava-se um porco já morto e fazíamos as linguiças morcelas e farinheiras. As outras partes, bistecasetc., as fritávamos, e iam para uma grande lata dentro da banha do porco derretida.
Com nossa mãe com filhos pequenos, nossos avôs nos levavam para as estações de água. Serra Negra, Lindóia, Amparo, Poços de Caldas... Entre outras pequenas cidades do interior. Levavam também outros sobrinhos, assim a infância junto deles foi uma “farra”.
Foi com o avô João Tavares que aprendi a jogar buraco. Durante à tarde seu irmão Antonio e os amigos Nim Setti e Vicente Zincaglia iam para sua casa para jogar cartas. Chamavam-me de sapinha, pois eu ficava acompanhando o jogo de cada um. Lembro de seu Nim perguntando se eu tinha tomado vinho. Ante minha palavra que não, ele dizia que eu estava com duas rosinhas na bochecha... rsrsss.... Doces recordações...
A casa deles tinha em frente lindos pés de hortências. Certa vez, quando elas estavam muito floridas, um diretor da Companhia Cinematográfica Vera Cruz entrou em contato pedindo permissão para que a casa fizesse parte do filme “IMITANDO O SOL! Usariam a fachada e reproduziriam o interior no estúdio. Foram vários dias em que nós convivemos com os artistas, assim como os vizinhos, e fazendo parte dos extras nas ruas. Naquele tempo não se recebia nada por isso, mas, como nos sentimos orgulhosos por fazer parte de um filme.
Nossa avó nos levava aos bailes junto com as primas e amigas e nos acompanhava com os olhos durantes nossos primeiros flertes.
Devemos muito a nossa formação aos avôs. O amor aos livros que líamos de sua biblioteca. A nossa retidão de caráter, o amor e compaixão pelas pessoas mais humildes...
Espero que vocês ao lerem minhas lembranças junto aos meus avôs possam também relembrar dos seus...
Um abraço, Didi

Folha Do ABC

A FOLHA DO ABC traz o melhor conteúdo noticioso, sempre colocando o ABC em 1º lugar. É o jornal de maior credibilidade da região
Nossa publicação traz uma cobertura completa de tudo o que acontece na região do ABCDM.

Mais nesta categoria: E é Natal... Mas antes.... »

18 comentários

Deixe um comentário

Make sure you enter the (*) required information where indicated.Basic HTML code is allowed.

Main Menu

Main Menu