19 Apr 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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Sim, somos quatro irmãs, mas tínhamos um irmão mais velho que chamávamos de Nenê, mas seu nome era Ronald. Um ano e meio mais velho que eu, sempre foi muito levado. Todos meus antigos amigos devem se lembrar dele, pois, sua passagem aqui na terra ficou bem marcada.
Casa da Rua João Pessoa, na entrada da garagem na Rua Dr. Flaquer, tinha um coberto onde havia um poço com sua bomba que o fazia funcionar direto para a caixa da casa. Mudamos para lá, vindo da Rua Carlo Del Prete, no mesmo quarteirão, em dezembro de 1946. Aí por 1950, meu irmão construiu uma casinha de madeira, com dois cômodos, na horta do quintal,e como meu pai tinha atrás de nossa casa a fábrica de móveis, meu irmão já trazia as tábuas serradas, já nas medidas, e assim fez, pouco mais do que nossa altura, uma casa para as irmãs, primas e amigas brincarmos com bonecas e panelinhas. Depois transformamos essa casa em laboratório. Prateleiras suportavam os vidros com animais preservados em álcool, que recolhíamos: sapos, cobras, minhocões, ratos, enfim, o que encontrávamos. Tábuas nas paredes com insetos presos com alfinetes e outro com borboletas. Que judiação...
Então, com seus 11 anos, montou na casa do poço uma fabriquinha de fazer caminhões. Na parede as ferramentas. Eram perfeitos com faróis, para choque e rodas. Todos em madeira e no final pintados coloridos. Os garotos da cidade eram fregueses. Cansou disso, e mais crescido, montou uma oficina de conserto de bicicletas. E foi um sucesso.
Gostava de fazer os pequeninos fogões no quintal, com tijolos e barro, com uma grelha em cima e o fogo da lenha dos toquinhos que sobravam na fábrica, e assar bananas para nós comermos. Às vezes fazia bolinhos de barro e os menores comiam…sniffff...  Tornou-se um grande cozinheiro. Suas comidas eram sempre diferentes e deliciosas. Seguiu os dotes da família. Se ia a um restaurante, conversava com o cozinheiro para aprender certos segredinhos.
Cresceu dirigindo o carro do pai desde os 14 anos, e nós dois fazíamos a feira na Rua Padre Lustosa.  A família era grande, e com o carro ficava fácil carregar o saco de laranjas e dois cachos de bananas, etc. E foi crescendo meio...como diziam, “play boy” e “bon vivant”. Como meu pai tinha uma lancha no Riacho Grande, meu irmão reuniu um grupo de amigos que aprenderam a esquiar nas águas da Represa. Denominaram o “Grupo do Corvo Lôco”. Todos os fins de semana eram atração formando uma pirâmide humana, todos com uniformes vermelhos. Depois que colocaram uma rampa de madeira sobre a água, subiam com os esquis com um tipo de parapente,e iam pelos ares. Como nasceu no dia de São João, 24 de junho, seu aniversário sempre foi comemorado com fogos, balões, fogueira, família e amigos. Casou e tiveram duas meninas e um menino. Foi convidado então para ser vice-prefeito no Riacho Grande. Infelizmente isso não foi do agrado de algumas pessoas e ele, apesar das melhorias no bairro, se afastou.
Herdou a Indústria de Móveis Bellinghausen que esteve ativa por mais de 50 anos, que havia sido fundada por meu pai Alberto Eduardo e meu tio, Carlos Theodoro.
Os móveis sempre foram feitos com madeira maciça, e quando começaram a ser montados com madeira compensada, foram perdendo o valor. A cidade cresceu e como a fábrica ficou no meio de um bairro residencial, começando a funcionar às 7 horas da manhã, almoço das 11 ás 12 horas, término às 17 horas, as sirenes tocavam em todos esses horários, incomodando os moradores, assim, meu irmão vendeu tudo e resolveu montar uma serraria fora do centro e um lava rápido na rua Tomé de Souza. Na mesma rua, no terreno da indústria, foram construídos três grandes prédios.
Ele estava sempre vestido muito elegante e onde entrava apareciam muitos amigos com as boas lembranças.
Infelizmente teve uma vida pouco regrada, e sua caminhada terminou cedo, no dia seguinte ao seu aniversário, aos 59 anos.
Até hoje os sobrinhos quando falam sobre ele dizem: O tio Lôco...
Esteja em paz, Nenê...
E hoje minhas lembranças foram para meu irmão, companheiro da minha infância
Um abraço, Didi

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