25 Apr 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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Mês de junho... E começamos o mês reverenciando Santo Antonio, o Santo casamenteiro, com a torcida para que todos os solteiros encontrem uma, um, companheiro. Todas as simpatias são válidas... Como escrevi minha crônica no começo do mês, não estava ainda em clima de festas juninas. Mas sempre é tempo. Ganhei meu pãozinho de Santo Antonio, meu protetor, da amiga Margareth e tirei o do ano passado, que me havia sido dado por Dom Vega, do meu pote de arroz, que está em um saquinho com a figura do santo. Simpatia para que nunca falte o alimento. A alegria, a música das festas juninas nos dão vontade de cantar e de dançar. Nos levam novamente a infância.
Relembramos então um tempo em que os balões eram permitidos, pois não tínhamos consciência do perigo dos incêndios, ou, como nossa cidade era pequena e os balões que alçavam os céus, só caiam quando as tochas se apagavam, não constituíam grandes perigos. Assim, começávamos a fazê-los no mês de maio e em junho os céus ficavam pontilhados de pontos luminosos. Os fogos nas vésperas dos dias de Santo Antonio, São João e São Pedro coloriam o negror das noites. As fogueiras, com a madeira sendo acumulada durante todo o ano nos quintais, eram muito altas. E a gente cutucava e se queimava nela e com os fogos que nem sempre eram sem perigo. E os bombardeios com as bombinhas? E os busca-pés?
Os parentes e amigos iam chegando e era uma festa o momento em que a fogueira começava a crepitar. As labaredas subiam ao céu acompanhadas dos gritos das crianças. O mastro já erguido com as figuras dos três santos ao lado da casa. Na nossa, tínhamos minha mãe Odette tocando harmônica, assim, a música era ao vivo. Cantávamos e dançávamos a quadrilha. Meu irmão Ronald aniversariava no dia de São João, e o primo Waldir, o Tico, no dia seguinte. A festa então era tripla: aniversário dos dois e mais do Santo João. No fim da festa, com a fogueira em brasas, muitos “loucos”, tentavam caminhar sobre ela. Vimos alguns que conseguiram o feito sem queimar os pés. Diziam que era a fé...que a mim faltou, pois nunca quis me arriscar. Meu pai Alberto, porém, e o amigo Bamback, a atravessavam. Alguns rapazes, vendo esse “ato de coragem” chegavam a tirar as meias, mas ao sentirem o calor das brasas recolhiam os pés.
Os salões da cidade faziam suas noites juninas, e assim, bem antes começavam os ensaios das quadrilhas. Quem ainda não namorava e não tinha seu par, novos pares eram feitos e muitas vezes novos namoros começavam.
Hoje sem podermos fazer aglomerações, acompanhamos algumas pequenas comemorações pela TV, sempre pensando no perigo que estão enfrentando e lembramos das quermesses, com seus famosos churrasquinhos, quase sempre nas praças das igrejas católicas. A tendas querendo que seus quitutes fossem os melhores, concorrência que melhorava a qualidade do que ofereciam. As escolas mantinham a tradição com suas barracas de brincadeiras para a garotada, comes e bebes, geralmente com a renda revertida para os formandos do ano.
As danças apresentadas eram, além da tradicional quadrilha, as danças de alguns estados do Brasil, o que aprimorava a cultura das crianças. Tudo acompanhado pelo vinho quente e o quentão de pinga, que por estarmos no inverno, nos aquecia bastante (moderem...) e com música ao fundo... quase sempre, o popular forró.
Os quitutes da época são uma delícia: cuscuz, pastéis, batata doce, pipoca, canjica, paçoquinha, amendoim torrado, cocadas, bolo de fubá e aipim, doce de abóbora, etc., hoje dentro das nossas casas. Nós da Casa de Memória, como em todos os meses fazíamos nossa reunião na última quarta feira do mês. Em junho ela era especial. O amigo memorialista Luiz Marotti, o Rei das Quadrilhas (quadrilhas de dança) nos fazia rodopiar devidamente acompanhados pelo Padre, nosso cantor e violonista João de Deus, e um casal de noivos. A farta mesa, como sempre, em todos os meses, era obra dos participantes. Relembrando o passado sinto que a nossa geração viveu mais intensamente. Temos que conservar essas tradições, mesmo confinados para que o folclore nunca morra....
Cai cai balão...cai cai balão.... Aqui na minha mão...
Capelinha de melão, é de São João...
Pula a fogueira Iaiá...
Ela só quer, só pensa em namorar...
O baile lá na roça foi até o sol raiá....
E vamos comemorar… saudosos desses momentos. Um Aché... Didi

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