Dia 5 de dezembro é o dia da voluntária, (o).
Mais uma vez, com o fim do ano chegando, quero lembrar a vocês, principalmente aos aposentados, e às aposentadas, pessoas com mais tempo disponível, para se engajarem nos trabalhos comunitários.
Vou aqui contar algumas passagens do meu tempo como voluntária da Legião Brasileira de Assistência.
Meu grupo era formado pelas amigas, dedicadíssimas, Maria Pequini, Maricota Pinto, Vanda Locosseli, Ana Pequini e Vilma Ferreira. Tínhamos um grupo de 30 mães, que se renovavam anualmente, a quem ensinávamos a costurar, bordar, tricotar, fazer crochê, enfim, a fazer inúmeros trabalhos manuais. Resolvemos fazer roupinhas para as crianças órfãs do Lar Emmanuel. Corremos alfaiates e costureiras pedindo restos de tecidos. Cortamos para os meninos calcinhas e casaquinhos, e vestidos para as meninas. As mães assistidas, orientadas por nós, confeccionaram as peças. No dia da entrega convidamos o Dr. Caio Ramaciotti, secretário então da saúde e filho do presidente do lar, Sr. Orlando, que veio acompanhado pela responsável das crianças trazendo alguns meninos e meninas. Uma de nossas mães, a Raimunda, fez questão de fazer o discurso da entrega das peças. Ela disse o seguinte:- Nossos filhos têm a nós, suas mães. Fizemos estas roupinhas para suas crianças que não têm uma mãe. Meu domingo é sempre hoje, segunda feira, quando coloco meu melhor vestido e venho aqui onde sou recebida como “uma igual” pelas voluntárias.
Adivinhem se não ficamos com os olhos marejados de lágrimas.
No Hospital de Ensino, Anchieta, na parte das doenças circulatórias, eu acompanhava o drama dos assistidos quando tinham que fazer as amputações. Quase sempre devido ao diabetes. Eu entrava no quarto, sempre com um sorriso, e olhava diretamente para cada um e seu problema. Para os que tinham perdido um pé, uma perna, eu perguntava se já tinham tirado a carteira de motorista. Ao ser questionada por quê?...Eu respondia que era para dirigir um novo auto, uma cadeira de rodas. Eles caíam na risada e começavam a contar seus casos. Um paciente que não esqueço foi o Giovanni. Ele teve que cortar um pé, em seguida até o joelho, e depois mais uma parte da perna, sem nunca perder o amor a vida. Ele ficou meses no hospital, assim, nosso contato era semanal. Eu entrava no quarto e contava uma piada. Ele começou a me dar o retorno de outra. Assim, ele me disse que passava a semana pensando numa de “salão” para me contar, e eu, idem. Mas os outros pacientes, em geral um quarto para 6 ou 8 pessoas, me disseram que com isso, diariamente ele passou a contar algumas piadas elevando a alegria no quarto.
No mesmo Anchieta, no Hospital Dia, onde eram feitas pequenas cirurgias, quando eu ia ao quarto dos pacientes que faziam cateterismo, todos parecendo “acabados”, eu dava as recomendações da volta para casa. Dizia que durante uma semana cuidassem para não fazer esforços, caminhadas, etc. Aos homens então eu dizia:- Nada de lavar roupa, varrer o chão, cozinhar e outras “cositas” mais. Descansem o máximo, e deixem suas mulheres fazerem tudo isso.
Certo dia um me falou que não sabia o que fazer, pois isso tudo quem fazia em casa era ele.
Enfim, essas lembranças são muito gratificantes. Daria um livro contar todas as experiências vividas. É por isso que acho que todos nós, devemos doar um pouco de nosso tempo para trazer um pouco de alegria para as crianças, os doentes, os velhinhos, que anseiam por um pouco de amor em suas vidas, às vezes, tão carentes de carinho.
Programem-se para uma nova vida em 2011 como voluntário, seja em associações do câncer, como a AVCC ou o VIVA MELHOR, o AAA, o CVV, os orfanatos, os asilos, etc. É só ter vontade de fazer algo pelo próximo, que você encontrará o objetivo em seu caminho.
Um abraço, Didi.
Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo - e-mail:O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
