15/12/12

Há algum tempo escrevi aqui que nosso futuro será sem empregadas domésticas. Também falei que a minha já estava comigo há 17 anos. Estava!
Apesar de nos cinco últimos anos ela trabalhar três dias por semana, eu pagava o décimo terceiro e INSS integral, sem descontos. Como eu viajava durante as férias, eu considerava que ela também estava gozando as férias. Há muitos anos eu não a fazia assinar nada. Num acerto de sua carteira, pois eu a mantinha como mensalista para que ela pudesse fazer seus crediários facilitados, ela aproveitou para dizer que não queria trabalhar mais. Ques-tionei que sua aposentadoria estava próxima, mas percebi que ela já andava ouvindo “conselhos” indevidos para parar de trabalhar. Acertamos as contas de acordo com o estimativo do contador. Foi embora me dando um abraço e um beijo. Beijo de Judas, pois uma semana depois ela entrou com uma ação judicial contra mim.
Dizia que trabalhava das 8 horas até 17 horas. De acordo com o diário da entrada de meu prédio, sempre chegava entre 8h30 e 9 horas e saía entre às 15 até as 16 horas em média. Pedia aviso prévio. Eu tinha testemunhas que ela pediu demissão. Enfim, a princípio ela pedia mais de 22 mil reais. Isso caiu para pouco mais de oito mil e no acordo ficou em R$ 4.200,00. Descontando o que ela terá que pagar para a advogada, pouco vai sobrar para ela. Se tivesse se aberto comigo, dizendo não querer trabalhar mais, com certeza teria levado uma quantia maior.
Ilusão de patroa achar que temos uma amiga em nosso lar.
Atualmente eu estou no sistema dos Estados Unidos. Uma faxineira está resolvendo meu problema. Segundo minha advogada, temos que ter recibos de tudo o que pagamos. Mesmo que seja diarista. Todos os pagamentos feitos uma só vez por mês, são considerados como se a empregada fosse mensalista. Cuidado!
Com as novas leis das domésticas, com certeza muitas casas terão suas empregadas dispensadas. Além do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, que será obrigatório, ainda vamos ter o seguro desemprego, de acidentes de trabalho, a preocupação dos seus filhos quanto a uma creche ou pré-escola, salário família e adicional noturno. Qualquer irregularidade já vai ser motivo para uma ação judicial. Quem vai poder arcar com tudo isso? Os patrões têm que ter um alto nível de vida.
Já podemos calcular o grande número de desempregados, pois os jardineiros, caseiros, terão também todos os direitos.
A Câmara Alta em que os senadores irão julgar a lei que já foi aprovada pela Câmara Federal, pelos deputados, deveria analisar a questão pensando que casa não é indústria, não é estabelecimento comercial.
As domésticas não só se alimentam no trabalho como têm o vale transporte. Quantas vezes ainda levam o jantar para casa.
Desde que o primeiro neto da minha ex nasceu que todo fim do ano eu fazia uma sacola de Natal Nos últimos Natais eram cinco sacolas. Neste? Não terão nenhuma... Uma pena...
Um abraço, Didi.

Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo - e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.