19 Apr 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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Há alguns anos, quando eu era voluntária no Hospital Anchieta, conversando com uma amiga surgiu a ideia de fazer uma exposição fotográfica com mulheres e talvez, homens, que estavam passando por um câncer. Em contato na época com o diretor do hospital de São Caetano, apresentei a ideia e ele disse que era muito boa e que estava pronto para me apoiar. Seu nome? Ficou no passado.
Minha amiga Neusa Scalea, fotógrafa amadora, já se dispôs a gratuitamente me ajudar no sonho e já estava entrando em contato com a Fugi para o patrocínio. O amigo Roberto Rodriguez iria pentear e maquiar as mulheres convidadas. Até ofereceu um espaço para trabalharmos com essas escolhidas. Eu já pensava em apresentá-las bem exóticas, algumas sem seus cabelos. Tinha feito uma lista com seus nomes e uma autorização delas para usarmos suas imagens. Cada uma daria um pequeno depoimento que seria usado ao lado da foto. Eu também seria uma protagonista.
Foi meu único sonho que não realizei. Até hoje não sei porque morreu.
No mês de junho passado, ao ir ao Shopping Metrópole encontrei uma exposição de fotos de mulheres que passaram por um câncer de mama. No meio delas a de um homem, pois muitos também são afetados por essa terrível doença nos seios.
DE PEITO ABERTO... Meu sonho foi realizado pela jornalista Vera Golk e seu marido o fotógrafo Hugo Lenzi. Começaram esse projeto no ano 2.006 ao verem várias pessoas da família passar por essa doença traumatizante.
Essa exposição foi a única mostra convidada a fazer parte da ONU em Nova York, no período da Assembleia Geral das Nações Unidas em toda a história.
Aqui em São Bernardo a exposição se encerrou com uma palestra com a apresentação do casal Vera e Hugo e convidados especiais, médicos relacionados na área do câncer e mulheres que faziam parte das fotos apresentadas e que deram seu depoimento.
Ouvindo as muitas falas delas, e acompanhando quantas que foram abandonadas pelos maridos nessa passagem difícil da vida, lembrei duma mensagem que fiz em 18-04-1983 para um ciclo de palestras que fizemos com o apoio da prefeitura da cidade e que foi distribuída aos presentes. Vou então repassar. Observem que foi em 1983.
“Desde que somos ‘gente’ ouvimos bem baixinho nas conversas, a palavra câncer. Ele sempre ataca um amigo, um vizinho ao lado. Nós estamos imunes a ele. Assim pensamos. É catastrófico numa família quando ele atinge um ente querido e não existe a aceitação. Um dos cânceres de mais fácil cura é o dos seios e da região uterina quando descobertos no início. O da região uterina não traz tantos problemas psíquicos à mulher, porém o dos seios, quando é feita a mastectomia radical, pode transtornar totalmente a vida do casal.
Em junho de 1982 eu tive um dos seios extraído. Me perguntei: Porque eu? ... Mas a resposta veio em seguia: Porque não eu?
Nós mulheres que passamos por isso, nos sentimos mutiladas na parte que mais transmite nossa feminilidade aparente. É necessário, para que se forme uma boa “cuca”, a aceitação total por parte do marido para que a mulher também a aceite. Nessa hora, você marido, deverá demonstrar sua fortaleza para que ela se fortaleça. Deverá também demonstrar todo seu carinho, paciência, compreensão, e sentirá que seu amor será renovado. Pode acontecer nesses momentos difíceis, um reencontro dentro do casamento. É a certeza para nós, mulheres, que somos amadas não pelo nosso corpo, mas sim pelo nosso espírito, nossa cabeça. Essa mensagem transmite o que eu senti, algo do que passei. É o meu agradecimento especial ao meu marido Theo, pois foi com ele que consegui superar todos os meses de tratamento (tempos difíceis), meus temores, minhas angústias. Hoje sou uma mulher sem traumas e muito feliz. ”
Parabéns ao Projeto DE PEITO ABERTO...
Um abraço, Didi

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