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A gripezinha

Publicado em Editorial
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou, na noite de terça (24), durante pronunciamento em rede nacional, que a rotina no País deve retornar à realidade e que a imprensa brasileira espalhou o pânico em torno do coronavírus, o qual voltou a chamar de "gripezinha” e “resfriadinho”. Porém, não é só uma “gripezinha”, muito menos um “resfriadinho”.
Na Itália, país mais afetado pelo coronavírus, já tem mais de 9,1 mil mortos em menos de 90 dias e mais de 86,4 mil casos, desde o início da pandemia. Já China, epicentro do novo coronavírus registra 3.292 mortes e 81.340 casos confirmados.
O problema da Itália talvez tenha sido um só, iniciar o isolamento social tarde demais. Em 21 de fevereiro, a Itália confirmou sua 1ª morte por Covid-19. Naquele momento, o país registrava apenas 17 casos confirmados da doença. Logo no dia seguinte, o governo italiano anunciou um toque de recolher para 11 cidades da região mais afetada pela doença. Mas, foi apenas em 8 de março que a Itália decidiu isolar toda a região da Lombardia, responsável por parte importante da economia italiana, em uma medida que afetou cerca de 16 milhões de pessoas. No dia seguinte, o isolamento foi estendido para todos os 60 milhões de habitantes do país que naquele momento já registrava mais de 400 mortes pelo novo coronavírus.
O ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, até chegou a afirmar: "Na Itália, passamos de um risco de epidemia para uma 'infodemia' de desinformação, que neste momento está afetando nosso fluxo de turistas, nossos negócios e todo o nosso sistema econômico", disse Di Maio. O isolamento social não foi realizado a tempo, e nem levado a sério pela população. Pouco tempo depois, choveu imagens e vídeos tenebrosos na TV e em sites de notícias, com centenas de pessoas na UTI, com respiradores e outras tantas em macas nos corredores dos hospitais italianos, sem ter acesso a um equipamento.
A situação não é exclusiva da Itália, na Espanha, as mortes já ultrapassam 4 mil e com quase 20 mil casos confirmados, vive um colapso hospitalar; somente na cidade de Nova York (EUA), as mortes já passaram de 280, com mais de 20 mil casos. Não há mais respiradores disponíveis no N.Y.C. Hospital. E, na última semana, um vídeo de uma médica chocou a todos, com relatos sobre a situação: “as pessoas estão morrendo e não temos respiradores para todos”, desabafou no vídeo, publicado pelo site do jornal The New York Times.
O isolamento vertical, ou seja, apenas de idosos e pessoas com doenças prévias, também sugerido pelo presidente Jair Bolsonaro, já foi tentado em países europeus como Reino Unido e Holanda, porém, foi abandonado quando o crescimento rápido do número de infectados passou a ameaçar de colapso o sistema de saúde.
No Brasil, acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já são 30,2 milhões de idosos. Muitos, não vivem sozinhos, dependem de cuidadores ou precisam cuidar dos netos, enquanto os pais trabalham. Então, como isolá-los, sendo que o restante da família poderia ser liberada para sair e ter a rotina normal? Seria uma matança de idosos, em seus próprios lares.
O empresário da rede de restaurantes Madero, Junior Durski, em um vídeo compartilhado no Instagram, na segunda (23), afirmou que o “Brasil não pode parar por 5 ou 7 mil mortes”.  E o dono da Rede TV, Marcelo de Carvalho, disse que “nós podemos não ter 4 mil mortos, mas teremos 40 milhões de desempregados por causa do coronavírus”. Se for assim, quem da sua família poderá morrer para a economia brasileira não parar?

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