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A polêmica cloroquina

Publicado em Editorial
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O uso dos medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina, utilizados no tratamento e profilaxia de malária, mas, que também têm apresentado bons resultados em alguns casos graves do novo coronavírus, nessa semana, gerou mais polêmica e polarização política quando, na segunda (6), o infectologista David Uip anunciou que estava curado da infecção do Covid-19 e voltou ao comando do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo. Uip foi questionado se havia sido utilizada a cloroquina para a sua cura, porém, afirmou: “não escondo nada, mas não quero transformar meu caso em modelo para coisa alguma”.
Após essa afirmação, as polêmicas e a possível polarização partidária, visando o cenário eleitoral presidencial de 2022, que estaria por trás da pandemia do Covid-19 no Brasil, se acirraram. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro, assim o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é o grande defensor do uso do medicamento no tratamento de pacientes com o Covid-19, já utilizou as redes sociais diversas vezes em defesa da prática.
Bolsonaro até compartilhou, recentemente, entrevista com o médico de Nova York (EUA) judeu Vladimir Zelenko, ao ex-prefeito de Nova York e apoiador do governo Trump , Rodolph Giuliani, que destacava “100% de sucesso” no tratamento contra o Covid-19 com a hidroxicloroquina, zinco e azitromicina. Bolsonaro também alfinetou o governador, João Doria. "Dois renomados médicos no Brasil se recusaram a divulgar o que os curou da Covid-19. Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do governador de São Paulo?", escreveu.
No Brasil, a cloroquina e sua versão menos tóxica, a hidroxicloroquina, são indicadas para tratar doenças, além da malária, como reumatismo, inflamação nas articulações, lúpus, entre outras.  A azitromicina é um antibiótico e o zinco, um suplemento nutricional.
Nos Estados Unidos, diante do aumento expressivo dos casos de Covid-19, a Food and Drug Administration (FDA) já aprovou, emergencialmente e de forma limitada, o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. A medida foi ao encontro do desejo de Trump, que, recentemente, disse que esses medicamentos poderiam ser um “presente de Deus”.
A Índia, maior fabricante e exportadora de medicamentos do mundo, inclusive a hidroxicloroquina, havia proibido a exportação de medicamentos essenciais, incluindo paracetamol e hidroxicloroquina. Trump, ameaçou  a Índia com sanções se o país não enviasse aos Estados Unidos seu pedido de cloroquina. O governo indiano cedeu imediatamente. Bolsonaro não ficou atrás, também solicitou ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o desbloqueio da exportação de insumos farmacêuticos para a produção da hidroxicloroquina. O governo brasileiro fez um apelo ao país para a liberação de ao menos 31,6 toneladas de ingredientes usados na fabricação de remédios pela indústria farmacêutica no País e teve seu pedido aceito.
Porém, ainda que a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam as possíveis chaves para a solução, em curto prazo, enquanto se espera uma vacina, ou algum medicamento específico, para vencer guerra contra o novo coronavírus, o Ministério da Saúde, já reiterou que somente pacientes com o Covid-19 que forem internados em hospital podem usar esses medicamentos, por estarem sendo acompanhados por médicos. O problema das substâncias seria os efeitos colaterais, como arritmias cardíacas, problemas renais e visuais. O Ministério afirmou que ainda não pode recomendar o uso para pacientes leves, mais de 80% dos que adquirem a doença, justamente pelo fato de não estarem sendo monitorados. Atualmente, há seis estudos clínicos feitos pelo Ministério da Saúde,com testes em humanos, para avaliar a eficácia dos medicamentos. Os resultados preliminares devem sair ainda em abril.

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