19 Apr 2024


Salvar vidas ou a economia?

Publicado em Editorial
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Com a pandemia do novo coronavírus, líderes do mundo todo têm enfrentado o mesmo desafio, o equilíbrio entre medidas que visam à proteção de vidas ou da economia? A questão é um dilema. Para salvar o maior número possível de vidas, dizem os especialistas, quase que por unanimidade, que a melhor solução é o isolamento social. Porém, para resguardar a atividade econômica, este isolamento deveria ser seletivo, ou seja, válido apenas para as pessoas que estão nos grupos de risco, como idosos, pacientes com doença crônicas e comorbidades.
Os líderes mais inteligentes já descobriram que não é possível salvar vidas e a economia. Medidas de proteção à vida devem preceder todas as outras, primeiro por uma questão humanitária, segundo, porque não há economia que pare de pé, em nenhum país do mundo, tendo deixado um rastro interminável de mortos, que é o que acontecerá se apenas um grupo for isolado.
Com cerca de um mês de quarentena, em um cenário que a retomada do contato social ainda parece distante, mais da metade dos brasileiros já sente no bolso os efeitos da pandemia. Pesquisa do Instituto Locomotiva, a pedido do jornal O Estado de S.Paulo, revelou que 51% dos entrevistados, de 72 cidades do País, afirmam que, desde meados de março, já enfrentam cenário de redução de renda e, consequentemente, de contingenciamento de gastos. Por faixa etária, os mais prejudicados são os trabalhadores com 50 anos ou mais (52%), ensino superior completo (48%) e que residem nos Estados do Sudeste (38%), onde ficam São Paulo e Rio de Janeiro, capitais com o maior número de infectados. Ainda 88% dos entrevistados revelaram ter medo de perder o emprego, sendo que 58% se mostraram muito preocupados.
A crise gerada pelo coronavírus poderá apagar todo qualquer avanço feito ao longo dos últimos dez anos, depois de três anos de leve recuperação, em que o País conseguiu ao menos reduzir as consequências da retração de 7% no Produto Interno Brasileiro (PIB) acumulada nos anos de 2015 e 2016. Caso se confirme em 2020, a projeção de queda de 5,3% do PIB brasileiro feita na terça (14), pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o País voltará ao patamar de riquezas que exibia no ano de 2010, segundo estimativa do Itaú Unibanco.
Além disso, haverá drástica perda de arrecadação, que contribuirá, ainda mais para o colapso do sistema financeiro. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná estimam para este ano perdas somadas de R$ 37,2 bilhões com a perda de arrecadação devido à pandemia da Covid-19. Esses Estados representam 64% do PIB  do país.  Só o Estado de São Paulo, segundo informou o vice-governador, Rodrigo Garcia, em coletiva de imprensa, na terça (14), a previsão é que o Estado deixe de arrecadar R$ 10 bilhões entre abril e junho, período que deverá abranger o pico da pandemia em São Paulo.
Paralelamente a isso, o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, David Uip, na quarta (15), fez o alerta que todos mais temiam: os leitos públicos de internação para casos de Covid-19 já atingiram ocupação de mais de 70%. A projeção é que em pouco mais de uma semana, já chegue a 100% de ocupação. Portanto, já passou da hora da população, que ainda tem saído às ruas, como aponta, por exemplo, o Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP) do Estado, que tem registrado índice de isolamento de apenas 50%, se engajar e se unir, aumentando a adesão ao isolamento social, porque, sem isso, os efeitos na economia serão ainda, mais drásticos e severos em todo o Brasil.

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