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Chegou a hora de flexibilizar?

Publicado em Editorial
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Nesta segunda (15), a Região Metropolitana de São Paulo, inclusive os sete municípios do ABC entrarão numa nova fase da quarentena. O anúncio de reclassificação foi feito, na quarta (10), pelo governador João Doria. A partir desta segunda-feira, será permitido, oficialmente, o funcionamento de imobiliárias, concessionárias, comércios e shoppings. Oficialmente, porque todos moradores do ABC cansaram de ver, desde o início da quarentena, em 24 de março último, não só nas principais ruas comerciais dos municípios, mas diversos outros bairros das cidades, comércios, academias, salões de beleza, entre outros, funcionando clandestinamente, com portas semiabertas, sem qualquer advertência ou punição, em plena pandemia.
Nem o Brasil, nem o ABC estão, de fato, preparados para a reabertura gradual. Enquanto governadores de quase todo o Brasil flexibilizam as regras de isolamento, os índices não escondem a dolorosa realidade. O País registrou, nos últimos sete dias, a maior média de óbitos provocados pelo novo coronavírus em todo o mundo. Com isso, deixa para trás Estados Unidos e Reino Unido, países que tiveram os maiores números absolutos de mortes até agora.
O Brasil já passou das 775 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus e chega as 40 mil mortes oficiais causadas pela Covid-19 desde o início da pandemia. O País também tem registrado um elevado número de mortes em 24h, nessa semana, bateu a marca dos 1.300 em apenas um só dia. E, se não houver nenhuma mudança significativa no avanço da pandemia no país, o Brasil pode superar os Estados Unidos em número de mortes de Covid-19 no dia 29 de julho, aponta a projeção de um dos principais modelos matemáticos usados pela Casa Branca para definir suas estratégias. Nesse dia, o Brasil teria 137,5 mil mortos e os EUA, 137 mil. Além disso, o comportamento dos brasileiros também mudou. A população se “acostumou” a conviver com a nova realidade imposta pela pandemia e tem se arriscado, dia após dia. Os índices de isolamento social não escondem. Nos últimos sete dias, por exemplo, o ABC não registrou isolamento maior que 50% em nenhum dia, em nenhuma cidade. Santo André e Ribeirão Pires têm registrado a marca de 46%, São Bernardo e São Caetano 45%, Diadema, 43% e Mauá, 42%. Os números revelam tendência de queda, que será ainda maior a partir de segunda (15).
A paisagem ao se deslocar pelas ruas e avenidas do ABC é uma só, cada vez mais pessoas andando, se aproximando entre si, algumas até já desistiram do uso das máscaras. Paira no ar uma situação de que o “pior já passou” e que está tudo bem, contrariando todos os dados.
Provavelmente, o que faltou foi planejamento. Os governantes não tiveram muita escolha quando os casos do novo coronavírus começaram a estourar no Brasil. Não havia preparo algum para lidar com uma pandemia. Não havia leitos disponíveis, nem respiradores, seria uma verdadeira chacina. Então, a população foi posta em quarentena, que foi prorrogada dia após dia, sempre com perspectivas que essa ou aquela semana seria o pico, enquanto todos estavam presos em suas casas, os políticos correram contra o tempo, se organizaram e, de maneira considerável, conseguiram melhora no número de leitos e respiradores. Uma estrutura melhor para combater a pandemia foi montada. Só que dois meses se passaram com comércios e empresas fechados, aumentou o desemprego, a procura pelo auxílio emergencial, etc. A economia brasileira chegou ao seu limite. Então, foi preciso flexibilizar, de alguma forma a quarentena.
Como não há mais argumento viável para manter os brasileiros em suas casas, que assim como já se acostumaram a viver com índices alarmantes de criminalidade, também já se acostumaram com outra dura realidade, recorde de mortes pela Covid-19. Então, de maneira “segura, planejada e responsável”, o Brasil libera a reabertura dos estabelecimentos comerciais, em pleno pico de óbitos, afinal, senão, além de ser contabilizado, diariamente, mortes por Covid-19, também seria contado o ‘sepultamento’ das empresas. E, mais uma vez, os brasileiros irão pagar pela falta de planejamento de seus governantes, com seu próprio sofrimento.

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