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Vacinação em passos de formiga

Publicado em Editorial
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O Brasil levaria mais de quatro anos para ter toda a sua população imunizada contra a Covid-19, no ritmo que a vacinação tem sido conduzida no País. A projeção é do microbiologista da Universidade de São Paulo (USP), Luiz Gustavo de Almeida. O especialista fez um comparativo com a campanha de vacinação contra a gripe, no ano passado, já em pandemia, quando eram vacinadas até um milhão de pessoas por dia. Atualmente, a média de imunizados diariamente é de cerca de 200 mil pessoas.
Esse ritmo lento, quase parando, da vacinação contra o novo coronavírus no Brasil tem diversos fatores, sendo o principal deles o descaso na imunização em massa pelas autoridades federais e uma forma de conduzir a pandemia, que ainda deixa muito a desejar, com alternativas anunciadas como verdadeiros “elixires” contra a doença, sem qualquer comprovação técnico científica.
A vacinação no Brasil teve início com uma das vacinas mais criticadas, pejorativamente chamada como “vachina”, a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, que foi alvo de diversos memes e fakenews na internet, como por exemplo, quem a tomasse viraria jacaré. A iniciativa foi do governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB).
Atualmente, o Programa Nacional de Imunização brasileiro conta com apenas dois imunizantes autorizados emergencialmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A cada 100 doses entregues ao Ministério da Saúde, 17 são da vacina de Oxford, desenvolvida pela universidade no Reino Unido em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e operacionalizada no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outras 83 são da Coronavac. E, a cada 10 vacinas contra a Covid-19 aplicadas no Brasil, nove são vacinas do Instituto Butantan.
Até 31 de janeiro, já foram entregues ao Ministério da Saúde, 9,8 milhões de doses da Coronavac. O número ainda aumentará, com outras 17, 3 milhões de novas doses a serem produzidas e entregues ao Ministério da Saúde, a partir do dia 23 de fevereiro.
Apesar disso, a campanha de vacinação contra a Covid-19 anda em passos de formiga. O Brasil possui uma população de cerca de 211,8 milhões de habitantes. Para se pensar em controle da pandemia, pelo menos, precisam ser vacinados 162 milhões de brasileiros. Ainda não há em solo nacional um número tão grande de vacinas e as projeções para produção nacional em grande escala ainda ficam para o final deste ano. O número total de vacinados no Brasil passa de 2,7 milhões, ou seja, menos de 1,31% da população.
Com isso, é visto pelo Brasil uma corrida clandestina pela vacinação. Há diversos casos de “fura-filas”. Desde o início da vacinação contra a Covid-19 no país, em 17 de janeiro, já foram registradas ao menos 2.982 denúncias de possíveis casos de “fura-fila” da imunização. Os três estados com mais relatos de infrações são Rio Grande do Norte, com 640; Minas Gerais, com 589; e Rio de Janeiro, com 413, segundo dados levantados pelo Ministério Público (MP).
Com esse atraso na imunização e a exaustão da população em seguir os protocolos de segurança contra a disseminação da Covid-19, o que se vive no Brasil é a banalização da morte. Os altos índices de ocupação das UTIs e enfermarias por todo o território nacional, que passam dos 70%, e as 1,1 mil mortes diárias, totalizando mais de 233,6 mil mortes, já não assustam mais os brasileiros, nem os impedem de abraçar, beijar, viajar, festejar e ainda postar tudo nas redes sociais, como se nada estivesse acontecendo.

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