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A chegada do quarto ministro

Publicado em Editorial
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Na semana em que o Brasil completou um ano em quarentena, desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, o País bateu dois recordes consecutivos em número de mortes por Covid-19 em 24 horas, sendo 2.798, na terça (16) e 2.841, na quarta (17), e ainda com quebra no recorde da média móvel de mortes, desde a quarta (10) de março, com 1.645 óbitos; na quinta (11), 1.705; na sexta (12), 1.761; no sábado (13), 1.824; no domingo (14), 1.832; na segunda (15), 1.855 e, na terça (16), 1.976, o que representa uma variação, em 14 dias, com alta de 48%. Também foi anunciado o quarto ministro da Saúde no Brasil, desde o início da pandemia no País, o cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga.
Devido à situação caótica em que o País vive, com falta de leitos de UTIs para internação, colapso do sistema público e particular de Saúde e ainda vacinação em ritmo muito lento, o novo ministro terá uma hercúlea tarefa. É como afirmou o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL): “é acertar ou acertar”.
Porém, assim como seu antecessor prestava absoluta reverência ao presidente Jair Bolsonaro, chegando, até mesmo, a afirmar que: “É simples assim: um manda, o outro obedece”, Queiroga, disse: “A política (de saúde) é do governo Bolsonaro. A política não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo”. Além disso, também afirmou que assumiu o cargo para “dar continuidade” ao trabalho de Pazuello, que era considerado por Bolsonaro como um ministro "excepcional" e um “tremendo gestor”. Ou seja, será que algo, realmente, mudará na forma com que a pandemia é conduzida no Brasil ou iremos continuar a bater recorde diários de mortes, com uma vacinação pífia que atinge cerca de 5% da população, ou seja, 10,7 milhões de pessoas, num universo de 211 milhões de brasileiros?
Quando Pazuello assumiu, interinamente, como Ministro da Saúde, em junho de 2020, o Brasil registrava cerca de 58 mil mortes pela Covid-19. Nessa semana, quando foi anunciada a sua substituição, os óbitos por Covid ultrapassavam os 279 mil. Ainda é cedo para afirmar que o continuísmo ao caos irá prevalecer.
Queiroga, diferentemente de seu antecessor, é médico. Com isso, é esperado que ele tenha maior noção sobre a urgência de acelerar o ritmo da vacinação, sobre a necessidade da abertura de mais leitos de UTI e da conscientização sobre a importância de incentivar o uso de máscaras, o distanciamento social, etc.
Apesar disso, é sabido que o presidente não trocou de ministro da Saúde, por vontade própria. Pazuello era o ministro perfeito para Bolsonaro. A urgência da troca foi uma pressão do Centrão, que devido ao agravamento da pandemia e a volta ao cenário político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), poderá não permanecer mais em barco com risco de naufragar. Além disso, há um enorme desgaste do presidente em relação aos governadores e prefeitos, que já preocupa a cúpula do governo de Bolsonaro. O principal episódio foi a adesão de 1,7 mil prefeituras (24 delas Capitais) para a aquisição de vacinas, por meio do Consórcio Nacional de Vacinas, criado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que tem como objetivo a compra de imunizantes, em caso de descumprimento do Programa Nacional de Imunizações (PNI) ou de insuficiência de doses, tendo respaldo do Supremo Tribunal Federal (STF).
É chegada a hora de, enfim, agir para que os brasileiros não fiquem contando mortos. Se nada mudar, a imunidade de rebanho só poderá ser atingida em dezembro e até lá o Brasil atingirá, facilmente, a média de 3 mil mortes diárias, uma verdadeira carnificina que poderá bater números macabros de 600 mil mortos até o final do ano.

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