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Três mortes por falta de oxigênio

Publicado em Editorial
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Pelo menos 51 pessoas morreram, em janeiro último, por falta de oxigênio no Amazonas, segundo dados do Ministério Público Federal (MPF). Em Manaus, foram 28 óbitos, de acordo com o MPF.
A falta de oxigênio nos hospitais de Manaus, para esses pacientes internados com casos de Covid-19, levou a cidade a um cenário de caos. As notícias e vídeos sobre esse drama chocaram e comoveram o País. Uma verdadeira tragédia que escancarou a negligência política na pandemia.
Quilômetros de distância de Manaus, em São Paulo, três pacientes de Covid-19 morreram dentro da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Ermelino Matarazzo, na Zona Leste, em março, por falta de oxigênio. Outras dez pessoas foram transferidas a outros hospitais.
Já o ABC parecia estar imune a essa tragédia. Após surto de novos casos e internações, que culminaram nos índices de ocupação dos leitos de UTIs, para cima dos 90%, em fevereiro e março, os sete municípios pareciam estar se recuperando do que foi chamada de “segunda onda”, com relativa melhora dos índices epidemiológicos e até mesmo com diminuição das medidas restritivas em combate à pandemia.
Mas, na terça (1º) de junho, o pior aconteceu em Santo André. Três pacientes internados no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) do município morreram por falta de oxigênio na unidade. As vítimas foram uma senhora de 81 anos, uma mulher de 41 anos e um homem também de 41 anos. Todos eles estavam internados com Covid-19 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Wanessa Disselli, de 41 anos, estava intubada em estado grave no hospital de campanha que foi montado, em abril, no quarto andar da AME; Albertina, com 81 anos, estava intubada e havia acabado de ser transferida para a unidade, onde morreu horas depois.
Uma falha de comunicação entre os sistemas de "backup" provocou a interrupção no fornecimento de oxigênio da unidade, de acordo com a direção do AME. Há cerca de quinze dias a unidade vinha sendo abastecida por uma usina de oxigênio com capacidade para fornecer o gás para 23 leitos. A usina tem dois "backups", mecanismos que deveriam garantir a produção de oxigênio mesmo em caso de pane elétrica. Só que isso não ocorreu e uma tragédia aconteceu, três pessoas morreram por falta de oxigênio, agonizando até o último segundo de suas vidas. Três mortes, de uma maneira estúpida e cruel, que poderiam ter sido evitadas. Faltou agilidade, planejamento e um plano de emergência.
O AME de Santo André é administrado pela Fundação ABC (FUABC). A Prefeitura de Santo André, por meio de nota, justificou que a falta de oxigênio se deu por uma "grave falha técnica" e que foi acionada para prestar auxílio por meio do Samu, mas o "pedido de apoio tardou e, ao chegar ao local, os pacientes já tinham vindo a óbito". Faltou rapidez para o Samu de Santo André ou um plano B para evitar mortes em caso de falha técnica?
A unidade abriu sindicância para apurar os fatos, por determinação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de São Paulo. Também foi pedido que os responsáveis fossem, temporariamente, afastados até a conclusão da apuração.
Ainda que a gestão da AME não seja responsabilidade exclusiva do município, pois é gerida pela Secretaria Estadual de Saúde, não se pode isentar à administração municipal e à FUABC da responsabilidade pelo ocorrido. A responsabilidade é de todos. Afinal, responsabilidade é uma palavra que representa o ato de responder pelas próprias ações ou de terceiros e não imputar a culpa a terceiros.

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