25 Apr 2024


A liberdade das fakes news

Publicado em Editorial
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Um dos grandes desafios de 2022, além do cenário desfavorável da economia, será o combate à desinformação. Avaliar que a realidade é complexa e passível de múltiplas interpretações, percepções e opiniões, é sugerir a manipulação dos fatos para levar uma parcela da população a determinados interesses.
A prática da desinformação ganhou um poder bombástico, por meio das redes sociais. Um dos conceitos mais atacados é o da liberdade. Como conceitua o filósofo francês Jean Paul Sartre (1905-1980), a liberdade é uma condição intransponível do homem, da qual, ele não pode, definitivamente, esquivar-se, ou seja, o ser humano está condenado a ser livre. Para Sartre, não há princípios, inteiramente feitos ou construídos, que possam guiar ou nortear a escolha humana.
Mas, a desinformação utiliza desse desejo inerente do ser humano, para uma perversa manipulação e inversão de valores. Um exemplo disso é a liberdade de expressão, que é garantida pela Constituição de 1988. Qualquer pessoa tem direito à liberdade de expressão. Direito que compreende a liberdade de opinião, a liberdade de receber e de transmitir informações ou ideias, sem que possa haver ingerência de quaisquer poderes públicos e sem consideração de fronteiras. Porém, é preciso lembrar o óbvio: a liberdade de expressão não fornece ‘carta branca’ para agressões, ofensas, injúrias, calúnias ou ameaças.
A área política é uma das mais sensíveis à desinformação. As fake news foram o assunto que dominou as eleições de 2018, quando houve uma enxurrada de notícias falsas que evidenciaram o tamanho do problema para as próximas eleições e, elas estão chegando.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem promovido iniciativas de combate às fake news, como por exemplo, a desmonetização dos canais e páginas que propagam a desinformação e, tem realizado campanhas informativas sobre a votação e urnas eletrônicas. Porém, por mais que haja esforço, as limitações são evidentes e ações ainda não alcançam plenamente o objetivo pretendido.
Diariamente, os usuários das redes sociais se deparam com um grande volume de fake news políticas. Postagens com fotos antigas, descontextualizadas são as preferidas dos propagadores de mentiras na internet. Em uma delas, por exemplo, há o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin que, após aproximação com Lula, teria sido atingido com ovos durante visita a Jundiaí (SP). Mas, a foto é antiga, de 2012, quando o político foi atingido com café. Esse conteúdo foi compartilhado ao menos 36,7 mil vezes no Facebook. Assim como, um vídeo de uma caravana do ex-presidente Lula, que mostra um ônibus adesivado com o nome do petista parado em uma cidade, enquanto manifestantes gritam ofensas a ele. A gravação é de março de 2018, mas o conteúdo foi compartilhado ao menos 27,1 mil vezes, como se fosse atual.
Os principais alvos da desinformação, os aplicativos de mensagem como WhatsApp e Telegram, ainda passam quase que imunes às tentativas de frear as fakes news. Tanto que o Ministério Público Federal (MPF) quer impedir a propaganda eleitoral pelo Telegram, sob o argumento de que o aplicativo russo, com sede em Dubai, não possui representação no Brasil.
É utópico imaginar que a circulação de fake news possa ser impedida ou totalmente punida pela Justiça Eleitoral. Cabe à sociedade se precaver, ter consciência dos riscos provocados pela desinformação e, com cautela, sensatez, deletar, excluir e não compartilhar toda e qualquer mentira virtual.

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