Quem não passa para a situação, tem enorme dificuldade de conseguir algum benefício do Executivo (conserto de ruas, limpeza de bairros, etc). Assim, o vereador veterano entra para a “fila de espera” ligada ao prefeito e consegue benefícios para se reeleger. Fica acomodado nessa situação e não consegue sair dessa “fila”. Todos que estão nessa situação “sonham”, com o correr dos anos, em ter o apoio do chefe do Executivo para disputar uma eleição a prefeito. A “fila de espera” é composta pela maioria de vereadores que dá suporte ao prefeito nas votações, mas dificilmente um deles terá chance de disputar a sucessão municipal. Os verea-dores novatos ficam sempre no fim da linha. No caso de padrinho político, a situação é diferente. Um exemplo recente disso foi à eleição do atual prefeito de Santo André, apadrinhado pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que vem se tornando um hábil estrategista político-eleitoral com o passar dos anos. Para indicá-lo como candidato a prefeito de Santo André, na eleição passada, Marinho já tinha testado a possibilidade eleitoral de Carlos Grana na eleição para deputado estadual em 2010. Grana foi eleito com 126,9 mil votos, dos quais 25,1 mil foram obtidos somente em Santo André. Como Grana era pouco conhecido pelo eleitorado de Santo André e também iria enfrentar um prefeito querendo ser reeleito, Marinho detectou que Grana só venceria se houvesse o segundo turno. O resultado já é do conhecimento de todo mundo. No entanto, a novidade na política local é a atuação do presidente da Câmara de Santo André, Donizeti Pereira (PV), que, desde quando foi eleito para dirigir o Legislativo, também com excelente manobra política, derrotou a atual administração de Santo André, que apoiava outro candidato. Donizeti, então, constituiu o G12, grupo de 12 vereadores independentes, impondo novas derrotas ao prefeito nas votações na Câmara. O G12, hoje G7, perdeu sua maioria, mas continua firme. Por sua vez, o presidente Donizeti, que marca seu nome valorizando o Legislativo como poder, inova o jeito de conduzir com independência a Câmara, sem entrar em atrito com o prefeito. É uma novidade na política do ABC a valorização do poder do Legislativo. Há também um outro caminho para ser prefeito em Santo André, que foi descoberto pelo saudoso ex-prefeito Newton Brandão. Na base do sem lenço e sem documento, Brandão, como médico, começou visitar as residências de moradores em quase todos os bairros. Seus amigos diziam que Brandão, depois de anos nesse trabalho denominado de porta-a-porta, quando entrava numa residência, sabia os nomes do papagaio, do cachorro, do gatinho, etc. Deu um ótimo resultado, pois quando faziam pesquisas eleitorais na época, Brandão estava sempre entre os primeiros. Assim, Brandão administrou Santo André durante três mandatos, na época em que não era permitida a reeleição.