25 Apr 2024


Partidos, mesmo com verba, não são profissionais

Publicado em Editorial
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08/03/14
Partidos, mesmo com verba, não são profissionais

Décadas atrás, nesta época de final do carnaval, a frase que sempre estava em evidência era a seguinte: “O País parou no Natal e voltou a funcionar depois do carnaval”. Evidentemente, que não era realidade, mas as famílias mais abastadas aproveitavam bastante os feriados de Natal, Ano Novo, carnaval e mais férias escolares. A maioria, até o reinício das aulas, ficava nas praias ou então viajava para o exterior. E nesse período os negócios eram tocados em “banho-maria”, isto é, devagar quase parando.

Os pagamentos das contas eram até protelados sempre para depois do carnaval. O crescimento de empresas industriais e comerciais, a prestação de serviços, o aumento da população, etc, trouxeram mais dinâmica ao mercado financeiro. E como tempo é dinheiro, o período de férias foi reduzido e os negócios não eram mais concretizados depois do carnaval.
O crescimento dos negócios também pode ser avaliado pela evolução do setor político. Anos atrás, os partidos só funcionavam a todo vapor nas campanhas eleitorais. Nos demais períodos, as condições financeiras dos diretórios eram precárias, sempre dependia de “padrinhos endiqueirados” para manter funcionando os diretórios nacional, estaduais e municipais. Anos atrás, o PMDB, na época do ex-governador Orestes Quércia, um dos principais partidos nacionais, dependia, em alguns diretórios para não serem fechados pela falta de pagamento do aluguel, da verba enviada pelo ex-governador e assim por diante. Hoje mudou tudo. O dinheiro público paga religiosamente verbas milionárias, todos os anos, aos 32 partidos políticos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). No entanto, os partidos também recebem doações de empresas e de pessoas físicas. Entre 2009 e 2012, os três principais partidos políticos do País, PT, PMDB e PSDB, receberam como doações de empresas R$ 1,01 bilhão, representando perto de 2/3 de suas receitas em média. Desse total, o PT, único partido brasileiro que se profissionalizou, recebeu de empresas R$ 779 milhões no período de 2009 e 2013; PMDB, R$ 402 milhões e PSDB, R$ 397 milhões. A esses totais devem ser somadas as verbas públicas destinadas aos partidos pelo Fundo Partidário. Porém, o STF (Supremo Tribunal Federal) pretende concluir ainda neste ano a proibição de repasses privados (doações de empresas), que terá validade somente na próxima eleição. Em relação ao profissionalismo dos partidos, com todo esse dinheiro, é que somente o PT se profissionalizou, pois os dirigentes partidários recebem salários mensalmente. Também foi o caso do ex-ministro Alexandre Padilha, candidato ao governo estadual de São Paulo, que foi contratado pelo diretório estadual do PT para receber R$ 10 mil por mês. Depois sua mulher, jornalista Thássia Alves, também foi contratada pelo diretório com o mesmo salário.
Os outros partidos não pagam salários a seus candidatos. Ao contrário, o candidato, inicialmente, precisa gastar o próprio dinheiro no início da campanha para depois passar o chapéu às empresas. Além disso, seus diretores, quando são obrigados a responder a pergunta “se são profissionais da política?”, dizem o seguinte: “sou engenheiro”, “sou médico”, “sou empresário”, “sou advogado”, etc. Mas, não exercem suas profissões há décadas, pois vivem o dia-a-dia da política. Pois é.

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