19 Apr 2024

Publicado em José Renato Nalini
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No Brasil, muita gente escreve, pouca gente lê. A urgência está na produção de leitores, mais do que escritores. As consideradas grandes editoras já não sabem o que fazer com tanta gente que quer publicar. Já se faz a edição de um só exemplar, ou de dez exemplares, para satisfazer a ânsia de quem quer deixar por escrito a sua mensagem.
Quando os tempos eram outros, eu também perpetrei minhas ousadias. Desde criança tenho um interesse instintivo pelo meio ambiente. Talvez por ser neto de imigrante que deixou a Itália no final do século XIX, em busca da gloriosa “América”, onde “em se plantando tudo dá”. Europa que já havia destruído suas florestas e que até hoje paga o preço desse crime. Foi por esse motivo que me voltei para a tutela ambiental e percebi que não é de normas, de leis, de regulamentos, que o Brasil precisa. É de consciência ambiental. Daí haver escrito o livro “Ética Ambiental’, que alcançou uma quarta edição.
Nas primeiras, eu costumava acrescentar um apêndice com boas novas e péssimas ambientais. Na última edição, já por restrição de número de páginas, ele sumiu. Infelizmente, não desapareceram as péssimas ambientais. Ao contrário. Elas se avolumaram.
Um breve passeio pelo noticiário recente evidencia o nosso retrocesso na proteção do ambiente. Assim é que o MP do Mato Grosso encontrou fraudes no licenciamento ambiental no Mato Grosso (FSP, 26.12.18). Mato Grosso é um dos estados que mais desmata no Brasil. Está em segundo lugar, com a devastação de 1.749 quilômetros quadrados entre agosto de 2017 e julho de 2018. O campeoníssimo é o Pará, com 2.840 quilômetros quadrados.
A concentração de gases do efeito estufa na atmosfera atinge recorde, concluiu a ONU (FSP, 23.11.18). Os maiores emissores mundiais são a China, os Estados Unidos e a União Europeia. Mas, o Brasil ocupa um honroso sétimo lugar em todo o planeta. Não adianta a Organização Meteorológica Mundial, agência da ONU, alertar no sentido de que não podemos ter pessoas com boa saúde, acesso à comida e à água potável, ao ar saudável, sem atacar as mudanças climáticas. Há quem não acredite no aquecimento global. A Alta Comissária da ONU dos direitos humanos exige da comunidade internacional que tome medidas eficazes, ambiciosas e urgentes para inibir a tragédia visível e já experimentável em todas as partes do planeta. Cada vez mais próximo o risco de extinção de nações inteiras, ecossistemas, povos e modos de vida.
Outra notícia nefasta é a de que se anunciou a extinção do programa de conversão de multas do IBAMA (FSP, 19.11.18). O projeto beneficia o  infrator ambiental que teria desconto de 60% no valor devido, aceitasse a multa indireta. Esta financiaria projetos de recuperação de áreas degradadas. Tenho experiência pessoal muito frustrante em relação às multas. Embora sejam pífias, porque ninguém consegue avaliar o custo da perda da biodiversidade, a destruição do verde que se formou ao longo de séculos, as multas ainda não são cobradas. No Estado de SP, verifiquei junto à Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça, que o Estado deixa prescrever em cinco anos a oportunidade de ressarcir, ainda nesse mínimo, o que a natureza perdeu.
No Brasil de hoje, se fôssemos elencar as “péssimas ambientais”, seriam necessários vários volumes, tantos e tão cruéis os ataques à natureza na esfera micro e na esfera macro.
Se a sociedade não assumir o seu protagonismo de defensora do amanhã, nossos filhos e netos estarão condenados a um desaparecimento não só cruel, como também precoce.

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