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DDD: Desafio da Disrupção Digital

Publicado em José Renato Nalini
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Os efeitos da 4ª Revo-lução Industrial já se fazem sentir e mudaram o mundo, a concepção que dele temos, o nosso modo de pensar e a nossa vida. Muitas outras mutações virão e, se hoje são imperceptíveis, salvo para os mais atentos, em algumas décadas propiciarão instigante revisão de nossa era.
Antenas sensíveis se antecipam e criam so-luções miraculosas para problemas singelos e aparentemente insolúveis. Muitas outras dificuldades necessitam desse olhar criativo para superação com vistas a tornar o convívio mais fácil e harmônico.
A Educação é o grande motor da transformação. Ela está sendo desafiada a propiciar um futuro digno para gerações que enfrentarão os fantasmas da automação, do processo acelerado do machine learning, do espaço crescente de ocupação da inteligência artificial, que muitos acreditam competir e até vencer a faculdade humana.
A robotização é gradual. Já chegou na medi-cina, principalmente na elaboração de diagnósticos mais precisos e confiáveis. Aproxima-se de profissões tradicionais, como o motorista de caminhão. Avalia-se em 80% a possibilidade dessa atividade desaparecer, substituída pelo condutor autônomo. Até insuspeitas funções, como a de cozinheiro de fast food tendem a ser substituídas, com vantagens, pela automação.
No entanto, é preciso oferecer opções e veredas de sobrevivência. Assim como ocorre com diversas profissões, a escola necessita de reinvenção. A transmissão do conhecimento já não constitui monopólio de quem “sabe”, exercida com destino ao inculto. A sabedoria está dis-ponível e nunca foi tão acessível.
No início do fenômeno Google, eram dez mil as consultas por dia. Hoje são 50 milhões a cada minuto. A humanidade está conectada. A instantaneidade na veiculação de informações – inclusive as fake news – propicia a disseminação planetária de tudo o que acontece em poucos instantes. Não existem mais os detentores da verdade absoluta.
A Educação tem de mirar outras habilidades, quais o autodomínio, o equilíbrio, a capacidade de adaptação a novas realidades, a flexibilidade, a facilidade da comunicação, a tolerância, o respeito à diferença e tudo o mais que hoje pode ser acolhido sob o abrangente rótulo de competências socioemocionais. Não foram todas as escolas que disso se aperceberam.
As gigantes que surpreenderam o mundo e hoje dominam esse mercado sedutor das tecnologias da informação e da comunicação – Google, Microsoft, Amazon, por exemplo – procuram acompanhar o que o protagonismo e a engenhosidade da juventude estão criando. Uma circuitaria neuronal digital produz contínuas inovações e isso é o presente convertendo-se em futuro.
Os educadores não podem perder a noção de que deles se reclama agora mais audácia e ousadia do que obediência à rigidez formal de estruturas carcomidas. Mais do mesmo já não funciona. Por isso é que a seleção de novos diretores para as Escolas Estaduais da gigantesca e complexa Rede Pública da Educação Paulista é uma experiência a que o Brasil presta atenção e acompanha com enorme interesse.
O diretor é a alma de uma escola. Empiricamente, isso é constatável quando se encontra uma unidade escolar em funcionamento regular, num clima de excelente convívio, a empatia a transbordar no relacionamento entre alunos e professores, direção e funcionários, equipe gestora e colegiados que atuam junto à escola. Submetidos às mesmas situações de dificuldade e carência das quais é inviável escapar, mercê da policrise em que o Brasil se viu mergulhado, subsistem como paradigmas de educação pública. O que não acontece em outros estabelecimentos em que a direção já não dispõe do mesmo entusiasmo, vocação e talento.
Os novos 1878 diretores recém nomeados passarão por contínua capacitação e monitoramento e deles se espera sejam “o sal da terra”, o “fermento na massa”, os artífices da nova educação pública bandeirante. Cada um deles deve ser o intérprete dos reclamos do alunado, capaz de detectar as exigências da sociedade e exercer sua autonomia criativa com a finalidade de fazer de sua escola o parâmetro de eficiência que esta era requer. A nova escola só terá destino glorioso se vier a ser uma usina de engenhosidade, formar um alunado apto a superar as quebras de paradigma impostas pela intensa disrupção digital, que torna obsoletas as práticas estáveis em que grande parte da estrutura ainda se encontra imersa.
Gerir de forma eficiente, efetiva e eficaz é muito mais do que manter ordem e disciplina e registrar as ocorrências de uma comunidade dinâmica. Ninguém pode se satisfazer com o mero cumprimento do dever, mediante obrigatória oferta de conteúdos e observância estrita do calendário.
Os tempos querem mais. Ensinar a conviver com o inesperado, a oferecer respostas simples para os problemas crônicos com os quais se aprendeu a conviver, mas que uma inteligência desperta para a ousadia terá coragem de encarar.
Uma escola bem dirigida é aquela em que uma gestão idealista souber criar um clima favorável ao desenvolvimento integral de cada partícipe dessa aventura apaixonante que é a edificação do amanhã. Em que haja ambiência para o contraditório, em que o aluno tenha vez e voz e a gestão democrática ultrapasse o estágio do discurso para se converter numa prática rotineira e enriquecedora.
Sabe-se que a opção paulista não deixa de suscitar controvérsias. Sustenta-se que a direção em cargo de confiança propiciaria ao Estado se livrar do diretor que não respondesse à altura das exigências do cargo. Mas o Governo bandeirante preferiu confiar na elevada esta-tura ética e de comprometimento funcional de seu Magistério.
Aposta na responsabilidade dos novos diretores e acredita que esta verdadeira revolução na gestão da escola pública seja motor de propulsão para que nossos jovens superem os desafios da disrupção digital em pleno curso e venham a ser, com a imprescindível colaboração da família e da sociedade, todos autênticos vencedores.

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