18 Apr 2024


Tarsila Fesce Ranzini (Mamma Lia)

Publicado em Luiz José M. Salata
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Na  terça (23), de manhã, recebemos a triste notícia que perdemos a Mamma Lia, chamada por Deus aos noventa e nove anos, chorosos e comovidos os familiares, os seus inúmeros afilhados e protegidos, as suas amigas das entidades de assistência social e de benemerência e as companheiras das inesquecíveis festas da colônia  italiana. Enfim, o seu destino foi cumprido e certamente sempre nos lembraremos dela com muita saudade do seu incomum comportamento de pessoa notável, alegre e participativa em todas as suas atividades. Uma vida dedicada ao próximo, sempre expansiva, festiva, religiosa e voltada às causas dos menos favorecidos. Nasceu em Foggia, Regione da Puglia, na Itália, filha de Humberto Fesce e Assunta Loiacono. Ainda pequena, a família foi morar em Milão, onde no tempo conheceu o engenheiro químico, Tullio Ranzini, resultando o namoro em casamento. No mês de março do ano de 1952, Tullio foi sozinho para o Rio de Janeiro, pois havia recebido a incumbência  preparar o campo para um projeto pioneiro. Aqui chegando, maravilhado com a redundância da Cidade Maravilhosa comunicou à esposa que aqui teria todas as condições de vida de trabalho e social. Assim, no mês de setembro, Lia e o casal de filhos para aqui rumaram no navio Conte Grande, visando a nova vida ao encontro do marido e pai, indo a família morar na Tijuca. Na cidade que vislumbrou a realização dos seus sonhos, Tullio na sua especialidade profissional instalou a primeira indústria de mosaicos de vidro e revestimentos no país, produtos esses fabricados visando atender aos projetos arquitetônicos concebidos naquela época de muito progresso, inicialmente no Estádio do Maracanã e, seguidamente em outros prédios da capital carioca e no tempo até em Brasília. Em 1955, no mês de abril,  o casal rumou para nossa cidade, onde Tullio instalou a fábrica que se localizava onde  atualmente se encontra o Mercado de Rudge Ramos e a residência na Rua São Paulo, atual Rua Martini, no Bairro Rudge Ramos. Nesse tempo, já demonstrando o seu espírito benemerente e humanitário, Lia  conheceu Da. Nenê Rudge Ramos de Almeida, esposa do Prefeito Lauro Gomes de Almeida e juntas passaram a projetar programas de assistência social, resultando sua participação na entidade denominada Associação da  Abelha, cuja instituição teve o objetivo de confecção e distribuição de enxovais para mães carentes. No ano de l972, com outras abnegadas senhoras fundou a AVIS – Associação de Voluntárias para Integração Social, cuja principal objetivo foi o de orientação e ensino às futuras mamães carentes no trato com os bebês e também para confecção dos enxovais, tendo exercido a Presidência além da forte atuação. Adotou o lema para essa campanha: “ Não dê o peixe, mas ensine as pessoas a pescar”. Fundou a Oficina Santo Agostinho da Associação de Caridade Santa Rita de Cássia, a sua menina dos olhos, pois devota da Santa,  com a finalidade de amparo aos idosos e crianças no abandono social, onde exerceu a Presidência por muitos anos e com plena dedicação aos trabalhos voluntários. Participou com muito fervor para a construção da Igreja Santíssima Virgem e participou do Conselho da Igreja e Cristo Rei, na Pastoral dos Necessitados, sempre preocupada no atendimento das pessoas carentes e menos favorecidas. Dedicou-se inteiramente nas atividades da AVCC – Associação das Voluntárias de Combate ao Câncer, de assistência aos pacientes dessa terrível moléstia, sempre contribuindo com a sua incansável colaboração nas atividades da entidade. Exerceu a Presidência da APM – Associação de Pais e Mestres da Escola Wallace Cockrane Simonsen, dada a sua dedicação no trato com os alunos, mestres e pais. Participou ativamente e assumiu a Presidência do PROAC – Programa de Ação Cultural para a Cidadania, com a apresentação e desenvolvimento de diversos projetos culturais para os jovens. Na Associação São Luiz ajudou a fundar e muito contribuiu na assistência dos menores carentes e abandonados, com trabalho prestado na arrecadação nas festas e reuniões sociais para angariar fundos para a manutenção da entidade. Concluiu o Curso da Faculdade Aberta da Terceira Idade e ainda seguiu estudando ao se matricular na pós-graduação, justificando que: “sempre devemos encontrar tempo para aprender mais e ajudar a quem precisa, sem nunca esquecer que depois do dever cumprido, sem dúvida virá o prazer”.  Ao longo de sua vida, teve os seus méritos reconhecidos de amor ao próximo e iniciativas de solução para as situações aflitivas. Foi eleita a Mãe do Ano, em 1998, evento patrocinado pelo Jornal São Bernardo. Recebeu da então Primeira Dama da Cidade, Da. Laerte Soares de Almeida, o Troféu Distinção. Foi homenageada pela Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Caetano do Sul, com o galhardão “Mulher de Ação”, pelos trabalhos prestados à comunidade. No ano de 1976, foi recebi-da pelo Papa Paulo VI, quando recebu os cumprimentos pela prática de assistência religiosa e social.  No ano de 2001, recebeu o Titulo de Cidadã São-Bernardense, da Câmara Municipal de São Bernardo, projeto de autoria de saudoso Vereador Amedeo Giusti.Ainda da Câmara Municipal, recebeu a Comenda de São Bartolomeu e a Medalha do Imigrante Italiano e seus Descendentes. Não perdia uma só reunião do Forum do Idoso, de iniciativa do Vereador Hiroyuki Minami, pois animava as suas amigas e colegas nas palestras, sendo ela a mais velha. Recebeu inúmeras distinções por sua postura, elegância, bom gosto e modo de se vestir, considerada muito  prestimosa. Não perdia qualquer reunião, missa ou festa italiana, destacando-se a Festa da Polpeta, da Associação São Luiz, animada por Fred Rovela e que sempre vinha cantar ao seu lado a  sua música preferida – Mamma, era uma emoção e choradeira só entre os presentes. Tullio faleceu em 1977, e Lia assumiu com muita firmeza a educação dos filhos.  Do casamento com Tullio teve os filhos Giuseppe e Ernestina (in memoriam), a nora Vera Silvia e o genro Ovidio Cuzziol, os netos Gianfrancesco, Fabiola, Stefania, Fábio,Maurício e Hum-berto, os bisnetos Karen, Matheus, Tullio e Bruno, e a tataraneta Catarina.Com o falecimento da filha Ernestina, aos 33 anos, com três filhos, a Vó Lia assumiu plenamente a educação e a vida dos três netos, com muita disposição e proteção divina,  pois sempre foi amparada nos seus infortúnios pela sua inabalável fé em Cristo. No sepultamento, usou da palavra o Vereador Hiroyuki Minami, que por ela era chamado de filho, enaltecendo a sua vida percorrida com muita dedicação aos menos favorecidos e ao próximo. Sempre assim pedia: “Santa Rita de Cássia, sede nossa advogada junto a Jesus, alcançai para nós solução para as causas impossíveis de nossas vidas”.

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