18 Apr 2024


O Movimento Constitucionalista de 1932 – M.M.D.C

Publicado em Luiz José M. Salata
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Um dos fatos mais marcantes da política brasileira aconteceu na vida dos paulistas, a partir do dia 23 de maio de 1932. Tal fato ocorreu durante a ditadura Vargas, pois o que era para ser apenas um comício acompanhado de pacífica manifestação política contra o regime, acabou em tragédia. Mas, relembrando a primeira metade do século XX, o Estado de São Paulo experimentou largo processo de industrialização e enriquecimento devido a valorização do preço do café e da grande articulação do acordo da “política do café com leite” entre São Paulo e Minas Gerais, criada pelo Presidente Campos Sales, e os políticos desses estados se alternavam na Presidência da República. Contudo, ocorreu o rompimento dessa combinação política, quando o Presidente Washington Luis lançou Júlio Prestes como candidato, apoiado por grande maioria dos políticos dos estados. Com a candidatura de Getúlio Vargas que foi apoiado para a Presidência e João Pessoa para Vice-Presidente, pela Aliança Liberal por políticos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. Em meio à grave crise econômica devido a Grande Depressão de 1.929, que derrubou os preços do café, Júlio Prestes do PRP – Partido Republicano Paulista, foi eleito Presidente, em 1º de março de l.930, derrotando Getúlio Vargas. Nesse mesmo tempo, ocorreu o assassinato de João Pessoa, em que pese sem conotação de crime político, mas serviu como motivação para a deflagração do movimento para impedir a posse de Júlio Prestes, tendo servido dita morte pelos adeptos de Vargas como indicação de ter sido praticado por algum dos paulistas. No início de outubro de l.930, estoura a insurreição e no dia 24, os rebeldes deram o golpe liderados pelos militares do Rio de Janeiro, depondo o Presidente Washington Luis e, em três de novembro entregam o poder a Vargas. Desse modo, Getúlio Vargas que havia perdido as eleições para Júlio Prestes, assumiu “manu militari” o Poder com a Revolução de 1930, dissolveu o Congresso Nacional e instalou a ditadura. Ainda impediu a posse de Júlio Prestes, então Governador de São Paulo, derrubando ainda Washington Luis, que ocupava a Presidência da República Velha. Invalidou a Constituição de 1891, retirando as garantias constitucionais. Nessa época, durante a ditadura implantada por Getúlio Vargas, o objetivo principal dos paulistas era o da promulgação de uma nova Constituição para o país, em resposta à Revolução de 1930, que decidiu pela quebra da autonomia que os Estados brasileiros gozavam durante a Constituição de 1891, a segunda e republicana. Disso, aumentou a insatisfação popular pelo golpe, resultando na criação de vários movimentos políticos contra a ditadura, com muitas manifestações nas ruas através de reuniões e comícios para instigar a população a aderir na luta dos paulistas, pela discordância de tamanha arbitrariedade por parte de Vargas, o qual formou com alguns estados brasileiros uma grande força militar e política, assumindo o poder pela ditadura, governando através de decretos e sem qualquer fiscalização financeira e legislativa, pois dominou a todos. No dia 23 de maio de 1932, uma multidão reunida na Praça da República em São Paulo, protestava contra o governo para pedir que o país voltasse a ter uma Constituição, pois Vargas a tinha rasgado pelo golpe. Em resposta, a truculenta polícia do governo de forma desproporcional atacou a multidão, resultando dessa violenta intervenção nas mortes dos jovens Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Com as mortes foi formada uma sociedade secreta com as iniciais M.M.D.C., destinada ao combate à ditadura. A sigla M.M.D.C., é o acrônimo pelo qual se tornaram representados os nomes dos mártires do Movimento Constitucionalista de 1932: Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antonio Camargo de Andrade. Foi o estopim da reação paulista pois os mortos viraram heróis, iniciando um grande movimento popular. O dia 23 de Maio, foi então marcado para sempre como o crivo de partida para a luta por nova Constituição, cujo intento foi liderado pelos paulistas. É considerado o mais importante  movimento cívico paulista ocorrido  entre 9 de julho e 4 de outubro de 1932, durante 87 dias, visando a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas, como também a grande e última revolta armada   em resposta à ditadura. Para os paulistas valeu a luta que ficou marcada na história da bandeira paulista das treze listras, símbolo da Revolução Constitucionalista, cujos participantes e adeptos deixaram um grande legado do espírito de luta cívico-politica, em que pese derrotados nas armas, mas tiveram êxito na promulgação da Constituição e instituição do voto feminino. Uma grande vitória moral e cívica.

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