Uma mulher à frente do seu tempo, exemplar e muito querida matriarca Maria Myrths Setti Braga, o seu falecimento provocou enorme comoção na cidade, no seio familiar, social e no segmento dos negócios do ABC. De origem de troncos italianos, nos idos de 1878, quando da imigração, vieram os membros da família Setti, no navio Le Sully: Giuseppe e Benvenuta Setti e seus três filhos: Pedro, Italo e Adelelmo, da vila Poggio Rusco, às margens do Rio Pó, Província de Mantova, na Lombardia. Aqui chegando, nem vislumbraram que os seus descendentes tanto influenciariam com o trabalho para o progresso e desenvolvimento de São Bernardo e região. A família recebeu um lote, onde se instalou, se dedicando aos diversos negócios, tendo Adelelmo, o filho caçula, optado por carro de aluguel puxado por animais. Casou-se com Maria Pasin, gerando nove filhos, e o mais velho, João, foi trabalhar com o pai na condução dos carros, inicialmente um tilburi de aluguel e dois cavalos. No tempo, a partir de 1920, como o negócio de transporte muito prosperou, a família visi-nária antevendo a motorização do transporte público, na era do rodoviarismo, foi modernizando os veículos, adquirindo a primeira jardineira. Então, João casou-se com a professora Maria Luísa Zaparolli, indo morar na Rua Américo Brasiliense, nascendo a filha Maria Myrths Setti, aos 30 de novembro de 1925. De família católica, Maria Myrths fez a Primeira Comunhão, em 1935, na Igreja de São Bernardo. Matriculou-se no Grupo Escolar de São Bernardo, na Praça Lauro Gomes, e concluído esse período, foi estudar no Ginásio Santo André, concluindo em 1942. Nessa época, conheceu José Fernando Medina Braga, irmão de sua colega Therezinha, mas os tempos eram outros e ficaram apenas nos tímidos olhares. Nessa época, Italo Setti, seu tio, próspero negociante e outros empresários, adquiriram um avião paulistinha, batizado por Maria Myrths, com o nome João Ramalho, e foi doado à cidade de Lavras, com a participação de São Bernardo na Campanha Nacional de Aviação “Deem Asas ao Brasil”. Nos estudos, Maria Myrths prosseguiu no Curso Clássico, no Colégio Santa Inês, em São Paulo, e em 1946, matriculou-se no Curso de Línguas Neolatinas da Faculdade de Filosofia Sedes Sapientiae, ali estudando português, francês espanhol e italiano. Durante o curso, reencontrou José Fernando, passando a namorar, e casaram-se em dois de dezembro de 1947, na Igreja Matriz de São Bernardo, matrimônio celebrado pelo Padre Fiorente Elena. Em 1947, existia a empresa Setti&Tosi, que explorava a linha de transporte Vila de São Bernardo/Estação da São Paulo Railway, com parte do pai João Setti, o qual encorajou o genro José Fernando a adquirir a outra parte do sócio Tosi, assim com nova razão social para Setti&Braga. Daí, mediante muito trabalho da mãe Maria Luisa, que limpava as jardineiras com balde e escovão e Maria Myrths  que controlava a arrecadação, e o pai João e o marido José Fernando, cuidavam da parte mecânica e da locomoção. Toda essa união familiar foi mantida até os dias atuais, motivando assim todo sucesso empresarial. Prosperaram, com as conquistas e superações simbolizando pelo Grupo Auto Viação ABC, e outras empresas. Mas, a figura de Maria Myrths é muita lembrada na atuação social aos carentes e necessitados, no fino trato com os funcionários das empresas e com os semelhantes, na participação dos eventos cívicos e da memória da cidade e da própria família, pois manteve em sua casa grande acervo de peças e documentos dos ancestrais. Leitora assídua da Folha do ABC, sempre telefonava para os Diretores para comentar as notícias da cidade. Deixou os filhos João Antonio e Maria Beatriz, o genro André, a nora Silvia, os netos José Romano, Milena, Fernando Fabrizio, Isabella, as bisnetas, e grande legião de amigos e admiradores.