O prefeito de Santo André e candidato à reeleição, Paulo Serra (PSDB), em entrevista exclusiva, revelou que apesar do favoritismo imputado à sua vitória, no primeiro turno, neste domingo (15), tem “muita confiança” no trabalho que foi realizado ao longo de quatro anos, mas que respeita, com humildade, a escolha dos munícipes.

“Respeito todos os adversários. Existem outros candidatos que têm projetos e propostas. Isso é muito saudável para o processo democrático e a população terá que avaliar. Mas, a grande maioria dos andreenses entendeu o que foi feito, que colocamos ordem na casa, arrumamos as finanças, voltamos a semear, plantar, para poder colher e os frutos estão aparecendo. As obras, o asfalto, a iluminação, as creches, as unidades de saúde, tudo isso é um processo que queremos que continue porque a cidade reencontrou seu caminho. É claro que falta muita coisa para fazer e temos a plena consciência disso porque, antes de mais nada, sou um andreense, vivo a cidade, mas o retorno que temos é muito positivo, as pessoas têm acreditado, têm demonstrado essa confiança na nossa gestão”, avalia.

Em relação ao papel do seu partido, o PSDB, na sua campanha, e que também deverá reeleger outros dois prefeitos, em São Bernardo e São Caetano, é enfático: “a questão partidária é acessória neste momento. A eleição municipal é uma questão muito voltada para o quintal de casa que é a nossa cidade. As pessoas analisam muito mais isso. É claro que isso possa ter uma importância em 2022, mas, agora, não. Acredito que seja uma boa coincidência que as gestões, cujos prefeitos estão filiados ao PSDB tenham uma boa aceitação. Isso pode ser bom lá na frente. Mas, nesse momento não vejo nenhuma relação desse fortalecimento, do partido com a opção das pessoas. Acredito que na eleição municipal conta muito mais a pessoa, o candidato e a própria gestão e há exemplos de prefeitos que não conseguiram continuar. O partido não teve muita relação com isso, foi muito mais a qualidade da gestão do que propriamente a questão partidária”.

Sobre a polarização tão presente na política atual, antecipando, até mesmo, o cenário eleitoral de 2022, avaliou que é ‘um erro de parte a parte’. “Isso não deveria ocorrer. Não temos clima para polarização. Deveríamos ter clima de união. Estamos no final, se Deus quiser, de uma pandemia. A vacina ainda não chegou. Precisamos viver o pós-pandemia que poderá ser difícil também. Em Santo André, conduzimos a pandemia sem entrar em nenhuma discussão, nenhuma polarização. A decisão de 2022 tem que ser discutida em 2022 e não antecipar o processo sob pena de um prejuízo para a economia do País, para as pessoas, para a qualidade de vida, para a vacina. Não podemos correr esse risco”, diz.

Pandemia

Serra avalia que os desdobramentos do novo coronavírus atrapalharam um pouco os planos para o último ano deste mandato. “Prejudicou o planejamento que tínhamos do ponto de vista financeiro. A cidade, o mundo ficaram praticamente 90 dias parados. Tivemos que replanejar, mas a cidade reagiu bem. A nossa gente ficou em casa, se isolou. Chegamos a 80% de isolamento. Isso foi muito importante porque brecou a velocidade do vírus, nos deu tempo para equipar a Saúde, com os hospitais de campanha e tivemos hospitais de campanha que foram referência. São quase 7 mil pessoas que receberam alta nos nossos hospitais da cidade. Apesar do desafio e das vidas perdidas, as quais lamentamos profundamente, a cidade se comportou muito bem, com essa união de esforços do poder público com a conscientização das pessoas e os resultados têm sido positivos”, garante.

O prefeito acredita que se houver uma segunda onda, a cidade está pronta para o combate. “Santo André está preparada, mas acredito que seja muito difícil que ela ocorra. A vacina pode chegar no Brasil antes da segunda onda. A nossa curva foi muito esticada, só aconteceu isso aqui, por conta do isolamento, que foi bastante longo. Não tivemos um grande pico. Tivemos um platô estável e começou a queda. Estamos no final da primeira onda. Então, numa análise, não otimista, mas realista, é de que a vacina deva chegar antes de uma eventual segunda onda”, diz.

Economia

O prefeito revelou que apesar da pandemia ter atrapalhado o último ano do atual mandato, a economia da cidade já retornou aos patamares da pré-pandemia. “Claro que alguns setores foram mais prejudicados, mas já há uma boa recuperação. A arrecadação do mês de outubro foi apenas 3% inferior em comparação ao mesmo período do ano passado. Vamos fechar o ano com perda total de 15% a 20% em relação ao ano passado. Isso não irá prejudicar a cidade”, garantiu. Serra também disse que Santo André reduziu seu endividamento. “Como a cidade passou com o nome sujo por uma década, não tinha nenhuma capacidade de investimento e não tinha nenhum endividamento no sentido de obras. Havia um endividamento de R$ 5 bilhões que reduzimos em 80%”, afirma. Além disso, Serra enfatizou a recuperação da credibilidade econômica de Santo André. “A cidade recebeu mais de R$ 1,5 bilhão de investimentos da iniciativa privada. O que fizemos foi facilitar a vida do empresário. Uma empresa, que demorava seis meses para ser aberta, hoje, demora apenas sete dias. Também aprovamos uma legislação que faz com que quem gere empregos, pague menos impostos”, revela.

Plano de Governo

Caso seja reeleito, Paulo Serra prevê a criação do Banco do Povo Andreense. “Desburocratizado, diferente do Banco do Povo do Estado que é de difícil acesso, com linhas de crédito, também, principalmente para os setores que foram mais prejudicados, como escolas, os transportadores escolares, área de eventos”, garante. Não haverá algum tipo de auxílio de renda, como a que foi aprovado em São Paulo, que prevê R$ 100 por mês, enquanto permanecer o estado de calamidade pública decorrente da pandemia. “Os auxílios têm que vir do governo federal e estadual. Acredito que seja uma irresponsabilidade e desconhecimento de gestão pública, alguma proposta, neste sentido, no âmbito municipal”, avalia.

Próximo Mandato

Paulo Serra revela o que os munícipes podem esperar, caso seja conduzido ao segundo mandato. “A população pode esperar, ainda mais, novos projetos saindo do papel, temos obras iniciadas, com símbolos da cidade resgatados, que queremos entregá-las, como o Teatro Carlos Gomes, o Parque do Guaraciaba, Paranapiacaba, a Av. Anhaia Melo, a nova Av. dos Estados, o Complexo Viário de Santa Terezinha. A população pode esperar mais medidas para continuar melhorando a vida do andreense, além, de um dos nossos principais focos que é a retomada econômica. Também vamos focar na capacitação da mão de obra, por meio da Escola de Ouro, que queremos ampliar para 10 mil alunos por ano. Tudo isso somado será algumas das nossas prioridades para a pós-pandemia que iremos viver”, projeta.