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Do mito da caverna às redes sociais

Publicado em Editorial
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O Mito da caverna, também conhecido como Alegoria da Caverna ou Parábola da Caverna; é metáfora criada pelo filósofo grego Platão, presente na obra “A República”; que consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro “mundo real”, baseado na razão acima dos sentidos, nunca esteve tão atual.
A obra de Platão relata a história de um grupo de prisioneiros que viviam numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes, forçando-os a fixarem-se unicamente para o fundo da caverna. Atrás dessas pessoas existia uma fogueira e outros indivíduos que transportavam imagens de objetos e, ao redor da luz do fogo, tinham as suas sombras projetadas na parede da caverna, onde os presos ficavam observando. Os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras das imagens, julgando serem aquelas projeções a realidade.
Certa vez, uma dos prisioneiros conseguiu se libertar das correntes e saiu para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustou o ex-prisioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna. No entanto, com o tempo, ele acabou por se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, quis voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações e experiências que existiam no mundo exterior. As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem também outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o ‘fugitivo’.
Para Platão, a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem, enquanto que as correntes significam a ignorância que prendem os povos. As pessoas ficam presas a estas ideias pré-estabelecidas e não buscam um sentido racional para determinadas coisas, evitando a “dificuldade” do pensar e refletir, preferindo contentar-se apenas com as informações que lhe foram oferecidas por outras pessoas.
O indivíduo que consegue se “libertar das correntes” e vivenciar o mundo exterior é aquele que vai além do pensamento comum, criticando e questionando a sua realidade.
O Mito da Caverna mantém-se muito atual. Fazendo uma analogia, bem contemporânea, pode-se associá-lo ao universo digital, das redes sociais e internet, do qual, praticamente, todos estão inseridos. Os usuários encantados com tantas possibilidades que estes dispositivos propõem para suas vidas, podem ficar presos a esta realidade virtual como se fosse a única realidade que há, passando a viver em uma escuridão como se estivesse dentro de uma caverna. E, inseridos nas redes sociais, preferem permanecer alheios ao pensamento crítico (seja por preguiça ou falta de interesse) e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por um grupo dominante, por exemplo, de influenciadores, blogueiros e artistas midiáticos.
Ao recorrer ao uso continuo das redes sociais e da internet, o indivíduo, então, desenvolve em sua mente, um mundo completamente diferente da realidade. E, com medo de ser rejeitado, de seu conteúdo não ser compartilhado, cria a sua própria realidade com intuito de se manter numa zona de conforto, ou seja, uma prisão social. Com isso, há um isolamento social, na vida real. Afinal, o “inferno são os outros”, parafraseando o filósofo e escritor francês, Jean-Paul Sartre. Ou seja, alienado da realidade, vivendo o ‘mundo virtual’, os indivíduos acabam sendo intolerantes ao convívio social real. Pois, o problema é que projetos pessoais entram em conflito com o projeto de vida dos outros. E, os outros, tiram parte da autonomia pessoal. Porém, ao mesmo tempo, é pelo olhar do outro que o indivíduo se auto reconhece, com erros e acertos. Já que a convivência expõe as fraquezas pessoais.

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