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A corrida eleitoral na Argentina

Publicado em Editorial
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A Argentina vive, há mais de um ano, desde a crise cambial de abril do ano passado, uma combinação catastrófica entre inflação recorde (em 2018 foi a mais alta em 27 anos) e recessão (o PIB caiu 2,5% no ano passado e neste ano deverá ter queda de 1,5%). Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), que equivale ao IBGE, em 2018, a inflação chegou a 47,6%. Nos primeiros cinco meses de 2019, já acumula acréscimo de 19,2%. Além disso, consultores econômicos estimam que a inflação de 2019 deverá ficar na casa dos 40%. Na América Latina. Segundo organismos internacionais, a inflação argentina perde apenas para a Venezuela.
O desemprego, segundo o Indec, chegou aos dois dígitos, pela primeira vez em 13 anos. Em 12 meses, o índice passou de 9,1% para 10,1%, com quase 2 milhões de pessoas desempregadas.
Em março, o instituto informou que a pobreza atigiu 32% da população (cerca de 14 milhões de argentinos). A atual situação do País já transformou a corrida eleitoral, de outubro próximo, num verdadeiro imbróglio.
O presidente liberal Mauricio Macri, que busca a reeleição, e que terá como vice, o senador peronista Miguel Ángel Pichetto, pela coalização Juntos pela Mudança; enfrentará os peronistas Alberto Férnandez (ex-chefe de gabinete presidencial durante toda a presidência de Néstor Kirchner, e após durante parte da presidência de Cristina Kirchner), que lidera a chapa peronista ao lado da ex-presidente Cristina e compõem a chapa Frente de Todos. O terceiro na disputa é o centrista Roberto Lavagna, embora esteja bastante atrás na disputa.
Segundo pesquisa de opinião do instituto Isonamia, divulgada na última semana, Férnandez e Cristina têm 45% das intenções de voto no primeiro turno (27 de outubro). Com 43% o presidente está em empate técnico.
Há seis meses do fim de seu mandato, Macri, apesar de colecionar uma série de indicadores econômicos e sociais negativos, está otimista com sua reeleição, chegando até a afirmar que o pior da passou e que os argentinos irão eleger a “transparência” e o “caminho para a prosperidade”, em vez “do passado e da corrupção, se referindo ao kirchnerismo que governo a Argentina de 2003 a 2015.
Macri, eleito em 2014, após uma vitória estrondosa contra o candidato apoiado pela ex-presidente, enfrentou em 2018 o ano mais difícil do seu mandato: o peso argentino desvalorizou 50% em relação ao dólar. Na última semana, o dólar foi cotado a cerca de 43 pesos. A moeda americana é importante na economia argentina, pois, quando ela sobe, as remarcações são quase imediatas. Macri é ainda o primeiro presidente não peronista a encerrar seu mandato e governo sem a maioria no Congresso Nacional.
Quando assumiu, em dezembro de 2015, Macri prometeu pobreza zero e repetiu, até desistir, que a economia cresceria “no próximo semestre” e, como o semestre prometido não chegava, no ano passado, ele mesmo anunciou que não faria mais previsões. Economistas estimam que o déficit fiscal ficará em torno de 1% ou 1,5% do PIB neste ano. Pesquisas de opinião indicam altos índices de indecisos (40%) nas eleições e, ao mesmo tempo, de rejeição tanto a Macri, quanto a Cristina. O futuro do país de 40 milhões de habitantes e PIB de cerca de US$ 637 bilhões, ainda está incerto. Porém, um verdadeiro duelo entre Macri e Cristina é esperado, para os próximos meses.

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