18 Apr 2024

Publicado em Editorial
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As aulas na rede municipal e particular de ensino voltaram e, com elas, o trânsito caótico em todo o ABC. A cada ano que passa, o problema se agrava e nada é feito para mudar a situação.
Um trajeto de deslocamento do Centro de São Bernardo ao Centro de Santo André, por exemplo, no mês de janeiro, época das férias escolares, demora em torno de 15 minutos. O mesmo trajeto, realizado em fevereiro, após a volta às aulas, passa a durar até 40 minutos, sem as eventualidades do tráfego, como acidentes, etc. O mesmo acontece do Centro de Santo André ao bairro Cerâmica em São Caetano, no mês das férias, demora em torno de 20 minutos. O tempo sobe para 45 minutos, durante o período de aulas. Vale lembrar que os trajetos exemplificados foram em horários ‘normais’. Se fossem em horário de pico, com certeza, o tempo de deslocamento seria muito maior.
O ABC possui população estimada de 1,71 milhão de moradores e totaliza frota de 1,26 milhão de veículos, segundo dados do IBGE. Falta pouco para termos 1 veículo por habitante. São Bernardo é o município que possui a maior frotas, com 594.863 veículos, para uma população estimada de 838.936 pessoas; seguido por Santo André, com 527.602 veículos, para seus 718.773 habitantes e São Caetano, com 142.658 veículos para 161.127 pessoas. É um exagero.
As poucas tentativas para melhorar o trânsito com as operações: fluidez, volta às aulas, semáforos inteligentes ou qualquer que seja o nome, tiveram efeito praticamente nulo. E isso é notável. Basta dirigir pelas vias do ABC. Alguns políticos ainda botam a culpa no congestionamento no trânsito de passagem, como se o problema fosse do prefeito vizinho. O trânsito de passagem, até pode chegar a 30% com veículos de fora do município, mas, quem é que fica ilhado em seu município, com tamanha conurbação urbana?
Sem falar nas divisas dos municípios. Apenas cinco vias ligam Santo André e São Bernardo, as duas cidades com maiores populações do ABC. São elas: Av. Pereira Barreto, Av. Príncipe de Gales, Av. Atlântica/Av. Winston Churchill, Av. Lions/Av. Prestes Maia e Complexo Guarará/Rua dos Viannas. E essas cinco vias sofrem um enorme congestionamento, o dia inteiro.
O problema se agrava porque, para ampliar as vias, é necessário construir pontes sobre os córregos que separam as duas cidades porém, é necessário verba e cooperação entre os dois municípios. O que nunca existiu, até então. Seria interessante que os atuais prefeitos tivessem boa vontade para ampliar as ruas de ligações entre os municípios que administram.
Mas, os prefeitos não se importam, de fato, com isso. Tratam como um proble-ma inevitável. Não há planejamento para os próximos anos, não há iniciativas para combater o trânsito excessivo. Só repetem, no modo automático, o discurso que é preciso incentivar o uso do transporte público. Porém, os moradores do ABC, em sua grande maioria, não têm o hábito de utilizar o transporte público e, ao que tudo indica, não irão adquirí-lo. Não se pode forçar, nem impor isso.
Os prefeitos locais, em relação ao trânsito do ABC, se comportam, de maneira semelhante a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e o problema de gravidez na adolescência.
Damares defende a abstinência sexual contra o problema. Já os prefeitos do ABC defendem, apenas, o uso do transporte público de qualidade para toda a população. Porém, assim como os jovens não deixarão de ter relações sexuais para evitar a gravidez, os moradores do ABC não deixarão de se deslocar com veículos, para utilizar o transporte público. É preciso resolver o problema de outra forma. Caso contrário, em pouco tempo, irá se gastar 2 horas para chegar ao município vizinho.

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