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A carta branca

Publicado em Editorial
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Com a saída de Regina Duarte, pouco após de 60 dias no cargo de secretária especial de Cultura, o governo de Jair Bolsonaro já chega a 11 o número total de ministros que deixaram (ou trocaram) seus postos no governo.
Entre todos, o que ficou menos tempo à frente do cargo, foi o ministro da Saúde, Nelson Teich, que pediu demissão após 29 dias de ter assumido o Ministério. Já o ex-ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, entre todos os demais que saíram, foi o que permaneceu mais tempo à frente da Pasta, ou seja, 479 dias.
A atriz e diretora de teatro brasileira, Regina Duarte, também conhecida popularmente como a “namoradinha do Brasil” (graças à telenovela ‘Minha Doce Namorada’, em 1971, quando interpretou a orfã Patrícia, na TV Globo), estreou em 1965, na TV Excelsior, onde começou em papeis menores até se tornar protagonista de novelas como ‘Anjo Marcado’, ‘Legião dos Esquecidos’ e ‘O Terceiro Pecado’. Em 1969, já na Rede Globo, interpretou diversos personagens marcantes, como em Irmãos Coragem, Selva de Pedra, Sétimo Sentido, Roque Santeiro, Vale Tudo, Rainha da Sucata, além da trilogia das Helenas, em obras de Manoel Carlos, em História de Amor, Por Amor e Páginas da Vida.
Também, em 1985, brilhou ao interpretar com enorme sucesso, prestígio e repercussão a antológica Viúva Porcina da Silva, junto a Lima Duarte, que vivia Sinhozinho Malta, em ‘Roque Santeiro’, clássico de Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Graças a essa novela, Regina entrou para o seleto grupo de atores consagrados da emissora. Na época, a novela registrara recordes de audiência com sua exibição.
No mesmo ano, Regina também começou a se envolver na política. Nas eleições municipais para prefeito de São Paulo, declarou apoio a Fernando Henrique Cardoso, em um comercial gravado, pedindo a união da esquerda para combater o então candidato conservador Jânio Quadros. Depois, em 2002, Regina, ao lado de Raul Cortez e outros artistas, apoiou o candidato José Serra. E, ainda causou polêmica, quando gravou depoimento, exibido no horário eleitoral gratuito, afirmando sentir medo do que o candidato adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, faria na presidência, caso fosse vitorioso. Em outubro de 2018 apoiou Jair Bolsonaro à presidência do Brasil.
Em 4 de março último, a atriz assumiu a secretária especial de Cultura, com a missão de "pacificar" o embate entre a classe artística e a indústria da cultura com o governo federal. Em sua posse, mencionou que o convite que a trouxe até lá falava de porteira fechada e carta branca. Porém, semanas depois, o presidente demonstrou insatisfação pública com a atuação da secretária e renomeou o maestro Dante Mantoavani no comando da Funarte. O maestro havia sido afastado do cargo logo após a posse da nova secretária. O gesto passou a ser visto no governo como um processo de “fritura” de Regina.
Mas, a verdadeira fritura da atriz, não dependeu do presidente. Regina concedeu uma polêmica entrevista ao canal CNN Brasil e causou indignação, não só na classe artística, com os comentários sobre o período da ditadura militar. Na entrevista, chegou a cantar uma música relacionada ao período da ditadura, “Pra Frente Brasil”, e minimizou os casos de tortura e mortes do período. "A humanidade não para de morrer. Se você fala em vida, tem morte. Stalin, quantas mortes? Hitler, quantas mortes? Não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas. Não desejo isso para ninguém. Sou leve, viva, estamos vivos, vamos ficar vivos", afirmou. Com todos esses aforismos, Regina perdeu, em poucos minutos o respeito e credibilidade conquistado ao logo de décadas de trabalho, cometendo um verdadeiro “suicídio cultural”. O seu trabalho, exercido ao longo de décadas, foi praticamente enterrado.

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