A nova classe média e a política
A maioria da população está mudando o seu perfil. Essa novidade chegou à mídia por ocasião das eleições presidenciais de 2010, quando o ex-presidente Lula elegeu a sua sucessora a ex-ministra Dilma Rousseff, que até então nunca havia disputado uma eleição. Até então, essa vitória foi atribuída às pessoas que, nos últimos seis anos, passaram da classe D para a C, carregando consigo novos comportamentos e expectativas. A mudança está na formação da “nova classe média” e essa ascensão há muito tempo está sendo discutida pelos economistas. No final da semana passada, o assunto foi abordado com muita propriedade pelo Estadão em três oportunidades.
O jornalista Gabriel Manzano, no domingo (17), em reportagem, disse que “A “nova classe média”, trazida ao centro do debate político pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, num artigo para a revista “Interesse Nacional”, (...) chegou para mudar o cenário eleitoral do País, admitem analistas, marqueteiros e estudiosos”. Diz ainda que (essa nova classe média) e em vasto universo de 29 milhões de pessoas pobres que subiram para a classe C. (...) e líderes partidários, analistas, comunicólogos e marqueteiros já se esforçam para entender como atuará, diante das urnas, esse segmento que, ao subir, fez da classe média do País, com 94 milhões de pessoas (51% da população). (...) O impacto desse cenário já se faz sentir no mundo político, que ainda procura entender a enorme votação da candidata Marina Silva (PV) nas eleições presidenciais de 2010”.
Em entrevista publicada no caderno “Aliás”, no Estadão de domingo (17), o sociólogo Jessé de Souza, acentua que “os emergentes são a maior novidade econômica, social e política do Brasil na última década. Essa classe crescente é a grande novidade do “Brasil bem-sucedido” dos últimos anos, mas ainda pouca conhecida. De um lado existe muito preconceito em relação a ela, como em geral aos setores populares no Brasil. De outro, também na cabe a percepção triunfalista que a cerca no debate público”. O cientista político Bolívar Lamounier disse que “o termo “nova classe média” vem sendo empregado para designar um agregado social correspondente a mais de 40% da população, compreendido entre R$ 1.200 e R$ 4.800 de renda familiar mensal. Não estranharei se alguém se referir à metade dessa camada como “classe trabalhadora” ou até “proletariado”.
Percebe-se, assim, que vivemos uma nova realidade no País. O resultado desse crescimento da classe C já pode ser sentido no dia-a-dia: no trânsito, nos cinemas, nos caixas dos bancos, nos aeroportos, nos estádios de futebol, nos parques públicos, principalmente os que permitem exercícios públicos, nas academias, nas eleições, etc.