19 Apr 2024

Publicado em Editorial
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O caso Pão de Açúcar

Os principais jornais paulistanos, nas primeiras páginas e nos cadernos de economia, publicam, há duas semanas, notícias sobre a manobra surpreendente do empresário Abílio Diniz, que fez a proposta de fusão do Pão de Açúcar com a filial do Carrefour no Brasil. Segundo especialistas, a chance de o negócio dar certo é do Bndespar entrar com R$ 3,9 bilhões e também se o atual sócio de Diniz, o grupo francês Cassino, concordar em perder o direito de controlar o Pão de Açúcar a partir de 2012. A movimentação de Diniz foi com o objetivo de não perder o controle acionário do grupo Pão de Açúcar (CBD - Companhia Brasileira de Distribuição), pois em contrato assinado em 2005, o grupo francês Cassino comprou 49% das ações com direito a voto e também fez o pagamento dos 2% de ações restantes para assumir o controle acionário do grupo em 2012.

Com muita esperteza, Diniz desenhou a proposta com auxiliares na tentativa de não perder o controle acionário da CBD (dona do Pão de Açúcar). Se o negócio der certo, segundo o jornal Valor Econômico, de quarta (29), “os sócios da varejista brasileira se tornariam o maior acionista individual do Carrefour na França, com no mínimo 17% e no máximo 18% do capital. A transação não envolveria dinheiro, só troca de ações”. Mais adiante revela que “no intricado modelo societário do negócio, o Bndespar teria 18% da nova controladora do Grupo Pão de Açúcar, a holding NPA (Nova Pão de Açúcar), para onde migrariam todos os atuais acionistas do Pão de Açúcar. A NPA teria 50% do Pão de Açúcar, após absorver as operações do Carrefour no Brasil. O Carrefour francês ficaria com os outros 50% do negócio. Os franceses do Cassino e Carrefour, ao final, ficariam com 65% do capital da empresa operacional. A gestão, contudo, ficaria nas mãos da NPA (Abílio Diniz)”. Se tudo for concretizado como Diniz imaginou, o grupo Pão de Açúcar no Brasil ficaria com 32% das vendas nacionais e, em segundo lugar, o Walmart, com 11,1%. Para isso, o dinheiro a ser usado seria no total de R$ 5,75 bilhões disponíveis na mesa, oferecido pela Bndespar, 68%, e BTG Pactual, 32%.
Nem tudo tem sido festa para o ambicioso Diniz. O grupo Cassino, segundo o Estadão, terça (5), “vai defender de maneira “intransigente” seu direito de assumir o controle do Pão de Açúcar no ano que vem. O presidente do Cassino, Jean-Charles Naori, deixou isso claro em reunião com Luciano Coutinho, presidente do Bndes”. Também abriu dois processos contra o Pão de Açúcar no conselho de arbitragem internacional, que funciona como um instrumento de pressão, pois o governo brasileiro não pretende passar a imagem de um País que não cumpre contratos. Por sua vez, o jornalista Celso Ming, na sua coluna no Estadão, sábado (2), disse o seguinte: “notável a capacidade do empresário Abílio Diniz de fazer pouco-caso da inteligência de quem não seja da turma dele. Ele começou com o discurso desse arranjo da mega-fusão entre o grupo Pão de Açúcar e o Carrefour “é interesse nacional”, Depois, sustentou que é “bom para todos”. E, agora, em comunicado oficial publicado nos principais jornais do País, reconhece que o negócio é bom para os seus interesses: “A questão principal, da qual não se deve desviar o foco, é a seguinte: a operação é ou não boa para o Pão de Açúcar”. Ou seja, para o empresário Diniz, o interesse público está fora desse foco”.
Assim é a caminhada de Diniz na defesa de seus interesses financeiros.

 

Última modificação em Sexta, 08 Julho 2011 09:36
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