E quem faz isso é uma autoridade envolvida com o crime organizado. Oslain diz ainda que "normalmente, numa investigação, é um prefeito desviando dinheiro, parte do dinheiro vai para seus interesses pessoais e parte do montante, para financiar a campanha eleitoral. Essa é a realidade hoje. Um prefeito, um deputado, um governador e por aí vai. É a sensação que temos nas várias investigações em que trabalhamos. E são todos os partidos. Não é privilégio deste ou daquele. Todos. As várias investigações da PF e do Ministério Público comprovam o que a gente está comentando".
Os que acompanham uma campanha eleitoral sabem muito bem que parte da verba a ser gasta vem de doações de empresas e os candidatos, na prestação de contas à Justiça Eleitoral, colocam os nomes das empresas e também o montante doado. Tudo direitinho. No entanto, esse dinheiro ajuda bastante, mas não é suficiente para bancar toda a campanha. Aí é que surge o dinheiro oriundo do Caixa 2, que na época da descoberta do mensalão, os envolvidos denominavam de "valores não contabilizados". A realidade hoje é que vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, governadores e senadores, evidentemente, vão disputar a reeleição no final do mandato. Então, nos quatro anos de mandato procuram aumentar a arrecadação do Caixa 2, "valores não contabilizados" para bancar o montante a ser gasto na próxima campanha.
Sobre isso, Oslain o terceiro na hierarquia da Polícia Federal, repetimos, disse o seguinte: "o modelo atual de financiamento de campanha eleitoral, se não mudar, vai acontecendo esse tipo de crime: vão continuar desviando dinheiro público para financiamento de campanha. Qual é o melhor modelo? Não sei."
Será que vai mudar o sistema de financiamento de campanha eleitoral?