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Paulo Serra: "A cidade é uma extensão da nossa casa"

Publicado em Política
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O prefeito Paulo Serra, em entrevista exclusiva, revelou que colocou “a casa em ordem”, com o choque de gestão realizado no primeiro ano de governo, quando recebeu a cidade com alto nível de envidamento, e como, sua gestão, com medidas austeras, obteve este êxito. “A cidade passou do nível E de avaliação econômica e financeira para o C, e com isso, recuperou a capacidade de voltar a investir”, disse. Ainda elencou as áreas de Saúde e Educação como os principais destaques do governo e, avaliou o episódio do aumento do IPTU, que não agradou a população, e pode até ter afetado a imagem do governo, de maneira tranquila e serena. “A Administração prima pela total transparência, a população foi muito compreensiva. Exageramos na dose do medicamento, e, com muita transparência, suspendemos”, afirmou.

 

Folha do ABC - Em pouco mais de 14 meses de governo, qual o balanço das ações que sr. faz até o momento? Quais as áreas de maior destaque, nestes primeiros 3 meses de governo de 2018?

Paulo Serra - No primeiro ano, destacamos muito, foi colocar a casa em ordem. A cidade, do ponto de vista da gestão financeira e da organização da gestão e orçamentária, estava profundamente abalada. O endividamento da cidade era extremamente grave e alto, R$ 320 milhões em dívidas de curto prazo, mais R$ 1,7 bilhão de precatórios e mais R$ 3 bilhões para a Sabesp. Então, assumimos isso e com a obrigação de melhorar a qualidade do serviço público. Sem dúvida foi um enorme desafio e pra isso fizemos um grande planejamento e implementamos um choque de gestão.

Nos primeiros três meses nos debruçamos praticamente só nisso. Esse choque de gestão era pra colocar a casa em ordem, pra fazer com que a cidade não tivesse mais o déficit operacional de gastar mais do que arrecada e foi uma série de medidas austeras, de corte de gastos, de eliminação de desperdícios. Então, fizemos o contingenciamento do orçamento, diminuímos o número de cargos em 40%, reduzimos o número de secretarias, devolvemos 46% dos imóveis alugados, fizemos um programa de eficiência energética que economizou R$ 3 milhões em contas de energia, cancelamos o Carnaval, e tivemos uma economia de R$ 4 milhões, somados os dois anos, acabamos com os carros oficiais, isso gerou economia de R$ 12 milhões, mais R$ 1,4 milhão que foi arrecadado com o leilão desses 141 veículos, também acabamos com os celulares corporativos. Foi feito esse pacote de austeridade e de choque de gestão, como chamamos, que fez com que a cidade plantasse, preparasse o terreno, para recuperar sua capacidade de investimento e voltar a investir, e deu certo, tínhamos uma avaliação econômica e financeira E nos bancos nacionais e internacionais, quando assumimos, e seis meses depois, em junho, já éramos C, o que permitiu destravarmos todas as obras que estavam paradas. Em abril, só faltam duas obras para retomarmos, o Hospital do Idoso da Vila Luzita e o CEU das Artes Jardim Ana Maria, mas, todas as demais já foram retomadas. Então, nós não temos mais obras paradas na cidade. A Caixa Econômica Federal voltou a liberar recursos e a cidade, pouco a pouco, foi recuperando sua capacidade de investimento, para lançar e entregar novas obras. Entregamos a ponte da Av. do Estado, voltamos a pagar os fornecedores dentro de um cronograma já previamente estipulado, que fez com que a manutenção da cidade fosse colocada em dia, voltamos a entregar uniformes, e kit de material escolar para 33 mil crianças, que desde 2015 não eram entregues. Então, as crianças receberam o uniforme e o kit, nestes dois anos, e já compramos para 2019.

E agora, a partir da preparação desse choque de gestão que foi implementado, começamos com mais intensidade a colher os frutos que foram plantados, com entregas. Então, temos o mês de abril com duas principais e grandes entregas, com CESA-Centro Educacional no Jardim Irene e com a UPA do Bangu, que esse é o nosso principal foco e prioridade na questão da saúde. Neste ano serão onze novos equipamentos de saúde. Os que foram fechados e nunca mais abertos pela gestão anterior, como as UPAs Centro e Bangu, e os outros sete equipamentos que estamos reabrindo, que passaram por modernização, enfim, todos serão reabertos, até o final do ano, e mais o Centro de Referência, o Reabilita, no bairro Campestre, que é uma espécie de uma rede Lucy Montoro, uma referência, que será inaugurado, no primeiro semestre, e mais uma unidade da Clínica da Família, no Jardim Irene. Então, além dos sete equipamentos, tem quatro novos. A Saúde, não tenho dúvida nenhuma, dará um salto de qualidade. Foi um absurdo a gestão anterior ter fechado a UPA Centro, isso fez com que sobrecarregasse muito o Hospital Municipal, então, muita gente que reclama hoje do Hospital Municipal tem razão, mas, não é só por conta da falha do hospital. O Hospital tem capacidade física e nem é credenciado para atender a urgência e emergência do jeito que atendemos hoje. Porque é necessário uma UPA nas proximidades, a UPA ficava há dois quarteirões, quando a reabrimos não só vamos oferecer um serviço de qualidade nela, mas iremos salvar, e retornar a qualidade para o HCM, que é uma referência em várias especialidades. Não temos problemas no ambulatório, com exames, com internação e UTI, temos um problema no hospital que é o Pronto Socorro, o pronto atendimento de porta aberta, que atende desde uma cirurgia de crânio, mas, que na mesma fila, tem uma pessoa que topou o dedão na guia e está sangrando e que não tinha que estar lá, teria que ir para um equipamento menos complexo.

Então, o QualiSaúde fez todo esse diagnóstico, porque a rede deixou de funcionar de uma forma satisfatória e isso, passa a ser corrigido a partir da entrega. Quanto a UPA Bangu, estamos comemorando muito, pois, além da qualidade, do padrão construtivo, e da equipe que é totalmente qualificada, com informatização, senhas, todo o conforto para as pessoas terem um tratamento humanizado. Será o único equipamento do 2º subdistrito. Estamos falando em 40% da cidade e que, hoje, não conta com equipamento de urgência e emergência aberto 24 horas. O que essas pessoas fazem, vêm para a UPA Central, ou para HCM. Então, estamos numa região onde precisamos ter quatro equipamentos de urgência e emergência e estamos com dois.

Na Segurança continuamos com o Comitê Integrado, vamos contratar novos guardas. Com o recurso do leilão dos carros oficiais iremos transformar esses recursos em viaturas, então, a GCM deve receber em torno de doze viaturas novas, ou seja, acabamos com os privilégios para melhorar a qualidade da segurança pública, então, temos essa evolução. Na Educação estamos qualificando o transporte escolar, temos o programa de qualificação da merenda, que Santo André já figura, de novo, entre as dez melhores, segundo o Ministério da Educação, pois, quando assumimos estávamos entre as 50 piores do Brasil. E servimos ainda 998 merendas individualizadas para crianças do município que tenham algum tipo de intolerância ou algum tipo de limitação na sua alimentação.

No Transporte, iremos lançar o projeto da Vila Luzita. Total reformulação do Terminal, paradas de ônibus e corredor da Av. Capitão Mario de Toledo. Já entregamos duas pontes na Av.do Estado, vamos partir para as pontes de Santa Terezinha. O Semasa irá fazer com recurso próprio. Vamos lançar o edital ainda no mês de abril, e aguardamos a fase final de assinatura do BID, que são os dois viadutos.

E um outro aspecto importante, será o lançamento do Projeto Santo André 500 anos, no final de abril, que é o planejamento da cidade para os próximos 35 anos. É um projeto inovador, temos que governar com os pés no presente, mas, com olho no futuro, então, devemos planejar a cidade para os próximos 35 anos, para evitar que a cidade passe pelo momento que vimos, uma completa desorganização e enorme endividamento.

 

 

 

Folha - O sr. assumiu a Prefeitura com dívida municipal de R$ 325 milhões, que foi reduzida para R$ 113 milhões. Como está atualmente e qual a situação dos pagamentos atrasados?

Paulo Serra - Dívida irá reduzir mês a mês. Na verdade, estamos conseguindo pagar os atrasados, com fluxo médio de 45 dias, mas, esses acordos dos restos a pagar que herdamos, voltaram a ser cumpridos integralmente, então, temos dívidas, mas, sem ser equalizada. Todas as dívidas estão previstas para pagamento até 2020. A dívida não vai zerar no final do ano, essa dívida de curto prazo, e nem a de longo prazo. Mas, estamos pagando, dos R$ 325 milhões, reduzimos para R$ 113 milhões, e além disso, pagamos cerca de R$ 10 milhões, todos os meses, para precatórios, que é uma das cidades mais endividadas do Brasil, neste quesito.

Folha - Logo no primeiro ano de governo o sr. passou por algumas situações difíceis, e de certa forma, impopulares, como o fechamento de 7 UBSs para reforma, o aumento, após revisão dos valores, do IPTU de mais de 70%. Sr. acredita que esses episódios tenhm afetado a imagem do governo? Como se recuperou?

Paulo Serra - Isso sempre afeta a imagem, mas acredito que as pessoas estão compreensivas porque o nosso governo priva pela total transparência, dou muito a cara para bater porque sou um andreense, filho de andreenses, casado com andreense, e minha vida é a cidade de Santo André. A única diferença é que tenho oportunidade de conduzir administrativamente os destinos da cidade, mas, não tem segredo o que estamos fazendo, as pessoas participam das decisões e têm todo direito de muitas vezes, discordar. A questão da Saúde está resolvida, foi um programa de modernização, se a oposição fala que fechou, era uma prática da oposição fechar e não abrir mais, a nossa prática é interditar, modernizar e devolver. Isso nos difere. E com relação ao IPTU, queremos remediar, consertar uma planta genérica que está totalmente desatualizada desde 2002 e que atrapalha o desenvolvimento e financiamento da cidade. Mas, reconhecemos que quando a dose do remédio é exagerada, vira veneno, e foi o que aconteceu. A dose foi exagerada e nós estamos revendo esta dose, com muita transparência. Temos uma audiência pública, na segunda (9), para discutirmos com a sociedade. A sociedade entende que é necessária uma atualização da planta, mas, a dose precisa ser combinada com a cidade. E com muita transparência, suspendemos, sem nenhum problema.  Da mesma forma que não é justo pagar mais IPTU, não é justo pagar menos e tem muita coisa nesta cidade que é completamente injusto, o valor que é cobrado.

 

Folha - Como está a situação da Secretaria de Manutenção e Serviços Urbanos? A cidade ainda apresenta grande número de buracos e irregualidades no alfasto nas principais vias da cidade?

Paulo Serra - O que priorizamos no primeiro ano foi a questão da zeladoria de manutenção de uma forma geral, mato, praça, parques, a situação de todos está bem melhor, não tenho dúvidas. Também conseguimos 77 praças adotadas pela iniciativa privada. As praças hoje são referências. Queremos que a iniciativa privada continue nos ajudando, que é um modelo de gestão que acredito muito, compartilhado. O que precisamos melhorar que continua com uma qualidade muito ruim é o asfalto. Só que o asfalto depende unicamente de investimento e recursos. A manutenção nós conseguimos qualificando equipes, melhorando contratos, fazendo um cronograma rígido de rodar as nove regiões da cidade dentro de um ano. Conseguimos melhorar a manutenção com parcerias de outras formas. O asfalto não tem jeito, é investimento de dinheiro público, lançamos o programa Rua Nova, é o maior dos últimos 20 anos. Já começamos pela Av. Guaratinguetá, no Alzira Franco, nas ruas das Hortências, Coronel Seabra, na Vila Helena, rua Vitória Régia, no bairro Campestre, enfim, pelas vias que estavam muito deterioradas, mas tem várias outras deterioradas, muitas mesmo. E esse programa tem como objetivo asfaltar 200 km de ruas, mas, Santo André precisaria ao todo de 500 km. É um programa ousado porque na cidade, há 20 anos que não se faz nada. O último programa de recapeamento foi em 1996, com o então Brandão. Então, dá pra entender porque a cidade está com sua base asfáltica deteriorada. O “tapa-buraco” em Santo André rende menos, porque tapamos, mas, a base está tão corrompida que na primeira chuva já racha de novo. Estamos pleiteando recursos do governo do Estado. É necessário algo em torno de R$ 150 milhões para o projeto, mas, o investimento teria contrapartida municipal. A média é de R$ 800 mil por km, que depende muito da largura da rua. Este ano está previsto o investimento de R$ 30 milhões. Também já aplicamos o dinheiro arrecadado com as multas de trânsito no asfalto.

Folha - Em ano eleitoral, cada munícipio do ABC adota uma estratégia para participar, ainda que indiretamente do processo eleitoral. Em Santo André, qual a estrategia para a cidade se posicionar, mas, sem perder ritmo dos trabalhos?

Paulo Serra - Nossa prioridade é gestão da cidade mas, é muito importante o País retomar o crescimento, então, apostamos muito que o governador Geraldo Alckmin seja, hoje, o nome mais indicado para esta retomada. Não só por uma questão partidária, mas, pelo que ele já fez no Estado de São Paulo, principalmente em matéria de gestão. Nosso Estado é o que possui as contas mais saneadas, com a capacidade de investimento recuperada.

 

Folha - Qual o presente que o sr. gostaria de dar para a população, neste aniversário de 465 anos?

 Paulo Serra - Nosso presente, já estamos dando e queremos continuar. Devolver a cidade para as pessoas, tanto na qualidade dos serviços públicos na Saúde, na Educação, na Infraestrutura, mas, principalmente a ligação da cidade com as pessoas na questão do orgulho, que as pessoas voltem ou recuperem, com mais intensidade ainda, o que já vimos no primeiro ano. Este sentimento, de que morar em Santo André, tem qualidade de vida, tem bom infraestrutura para oferecer, e que tem defeitos, precisa melhorar, mas é uma extensão da nossa casa, e precisamos cuidar dela. Então, este é o principal presente, que as pessoas voltem a se orgulhar do que temos aqui, nas mais variadas áreas.

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