Estamos no mês de outubro. Na Igreja, este é o mês das missões. Missão é ir ao encontro dos irmãos e irmãs para levar a “Boa Nova” (Evangelho). Esta nossa missão continua a missão de Jesus: anunciar que Deus é Pai e ama todos como filhos e filhas. Por isso devemos viver como irmãos e irmãs. Nossa vocação é seguir Jesus, comprometidos em anunciar o Reino de Deus. Este reinado de Deus tem implicações concretas na realidade social, pois, “O Reino de Deus é justiça, paz e alegria” (Rm 14, 17).
A revelação bíblica mostra que Deus quer o bem de todos, o bem comum. Querer o bem comum não é comunismo, Deus nos livre, é fraternidade universal. É mudar o modo de ver o mundo. Passar da concepção de vida baseada no mérito, para outra baseada na necessidade. Explico: não existem pessoas descartáveis. Também os doentes, fracos, incapazes, idosos e pobres, tem necessidades vitais que precisam ser satisfeitas, mesmo que não possam trabalhar, que não “mereçam” salário.
Nesse sentido, as próximas eleições são ótima oportunidade de crescer em cidadania, ajudando a eleger candidatos que trabalhem pelos valores do Reino, pelo bem comum. Em especial, que trabalhem para dar alegria ao povo, entristecido por tanta violência, desemprego e a Covid-19. Só temos duas armas para mudar a Nação: urna e canhão. Usemos a urna, para banir da vida pública os incompetentes e corruptos. É necessário criar uma cultura da política de honestidade e trabalho em favor do bem comum.
É nesse contexto que celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. A mãe de Jesus a quem ela nos ensina a seguir: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Maria se faz missionária da Palavra viva que é Jesus. E é isto que ela tem sido no Brasil ao longo dos anos. Milhares de pessoas na nossa história encontraram Jesus nos braços de Maria, como os magos do Oriente (cf. Mt 2,11).
Essa pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição que o povo apelidou de Aparecida, e cuja devoção começou em 1717 no Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo, tem um significado especial para a maioria da população pobre, excluída e escrava daquela época. Escravizados pelos senhores, desprezados pelas castas burocráticas e corporativas do Brasil colonial, imperial e republicano, o povo recorre a esta mãe bondosa.
A Imaculada Conceição era padroeira do Reino de Portugal e do Império Brasileiro, e continua sendo do Brasil de hoje que a honra com este feriado. Nosso povo cristão se une ao redor desta mãe para se confraternizar. Maria é ponto de união entre o céu e a terra, pois foi nesta mulher que a Palavra se fez carne. Deve ser também ponto de união entre os seguidores de Jesus.
Graças a Deus o diálogo ecumênico tem possibilitado progressos na compreensão da figura de Maria, de quem Lutero, iniciador do Protestantismo, foi devoto fervoroso até o fim da vida. O pastor Martin N. Dreher escreve na apresentação do livro de autoria de Martim Lutero, o seguinte: “Maria é para Lutero modelo de vida cristã, que experimentou a justificação por graça e fé. Neste seu escrito, Lutero redescobre uma imagem profundamente evangélica de Maria”(cf. Lutero, Magnificat, Ed. Sinodal e Santuário, 2015, 7).
E o próprio Lutero escreve no início da obra: “Não lembro nada das Escrituras que sirva melhor para este caso que o cântico sagrado da bendita mãe de Deus. Sem dúvida, todos os que quiserem governar bem e ser boas autoridades devem aprender bem e guardar de memória este cântico de Maria” (Cf. idem p. 10).
Que Nossa Senhora Aparecida interceda por cada um de nós e por todo o Brasil, neste momento particularmente desafiador que vivemos.

O jovem Carlo Acutis nascido em Londres, aos três de maio de 1991, filho de Andrea Acutis e Antonia Salzano, pois seu pai lá trabalhou por curto período. Com o seu nascimento e o pai logo terminando a tarefa, a família mudou-se, retornando a Milão, na Itália. Enquanto criança, Carlo tornou-se fervoroso devoto  da Santíssima Virgem Maria e recitava frequentes rosários como sinal de sua devoção. Guardava também particular devoção por Nossa Senhora de Lourdes  e por Nossa Senhora de Fátima. Ele comungava frequentemente a partir de sua recepção na Primeira Comunhão, praticando a reflexão antes ou depois da Missa diante do sacrário. Teve a educação escolar em Milão e seus estudos do ensino médio foram com os jesuítas. Foi um adolescente católico que ficou muito conhecido pela pregação dos ideais da Igreja, por documentar minuciosamente milagres eucarísticos ao redor do mundo e catalogá-los em um site que ele mesmo criou. Ele ficou muito conhecido em vida por sua alegria e disposição para fazer evangelização pela internet e por ter muitas habilidades com o computador e conhecimentos de informática acima da média de sua idade, pois era exímio programador e chamado de “padroeiro da internet”. Por sua profunda devoção à Eucaristia, virou um tema central de sua vida, tornando-se um líder religioso pois se preocupava com as pessoas portadoras de problemas pessoais, inclusive de casais, pais dos seus amigos, sempre procurando com sua pregação interceder para encontrar o caminho certo para a solução dos conflitos. Sempre procurava proteger e acompanhar as pessoas deficientes, ora afastando os detratores que insistiam em zombá-las, mediante pregação de igualdade das dificuldades próprias, como também orientando-as no dia a dia. Ficou conhecido por “anjo bom da juventude”. Tinha especial interesse pela cidade de Assis, pela vida de São Francisco de Assis e sempre que podia para lá seguia para momentos de reflexão. Inesperadamente adquiriu leucemia e passou por tratamento, mas insistindo aos familiares que o levassem em peregrinação aos locais  conhecidos de todos os milagres eucarísticos, mas o agravamento da doença não permitiu. A pedido feito à sua mãe, queria ser sepultado em Assis, e com o seu falecimento em 12 de outubro de 2006, aos quinze anos de idade, por leucemia fulminante, no dia de Nossa Senhora Aparecida, seu desejo foi atendido. Em 23 de janeiro de 2019, seu corpo foi exumado e tratado com técnicas de conservação, sendo transferido para a Igreja de Santa Maria Maior, chamada de Santuário da Espoliação, em Assis. O corpo foi encontrado muito bem preservado e, apesar de alguns órgãos terem sido afetados pela leucemia, o coração de Carlo está intacto. Morto no dia de Nossa Senhora de Aparecida, o Padre Marcelo Tenório, da Paróquia de São Sebastião, na cidade de Campo Grande no Estado de Mato Grosso do Sul, costumava celebrar uma missa anual em homenagem à Padroeira do Brasil, com a exposição de uma relíquia de Carlo Acutis, um pedaço de roupa com marcas de sangue do jovem. Na missa do dia 12 de outubro de 2013, estavam presentes o menino Matheus Vianna, então com três anos de idade, sua mãe, Luciana e seu avô. Cerca de um ano antes, Matheus havia sido diagnosticado com pâncreas anular, anomalia congênita que faz com que o paciente tenha dificuldade de digerir os alimentos, causando assim constantes vômitos. Matheus estava muito debilitado por causa da doença, não conseguindo se alimentar direito e não ganhava peso, assim não tendo uma vida normal, apenas sobrevivendo e definhando. Os médicos previram a falta de alternativas para salvá-lo com pequenas chances de sobrevivência a eventual cirurgia. A família desesperada com a situação, organizava novenas para pedir a cura de Matheus. Na referida missa, o padre apresentou a relíquia de Carlo e organizou um grupo de fiéis para que fizessem preces e Matheus no colo do avô fez o seu pedido: “quero parar de vomitar”, para emoção dos presentes. Chegando em casa Matheus pediu comida, mastigou e engoliu, deixando de vomitar. Passou a se alimentar normalmente e os médicos constataram a cura da doença. O órgão do Vaticano informado sobre o fato designou-o como Servo de Deus e seguidamente no tempo, com a confirmação de suas virtudes heróicas foi nomeado como Venerável da Igreja Católica, não tardando a cerimônia de beatificação realizada em Assis, no último dia dez de outubro, local onde o ora Beato Carlo tinha muita afeição. No tempo certo e objeto do procedimento próprio logo deverá ser canonizado.