19 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Rubem Alves, psicanalista, cronista, ensaísta, teólogo, escritor, residia em Campinas-SP onde faleceu em 2014 aos 82 anos.  Que pena!  Deixou-nos preciosos livros de crônicas e, um, especialmente encantador, de suas memórias: “O Velho que se tornou menino” (Ed. Planeta). Ele lembra que há um descompasso entre sua idade cronológica  e a idade de sua alma, que está fora do tempo.  Eu também sinto a mesma coisa: minha  cabeça, minha alma estão fora do tempo. E olhe que eu tenho hoje apenas 95 “primaveras” (ou outonos...).
Se eu fosse reproduzir aqui muitas das belezas dos textos literários de Rubem Alves o espaço seria pequeno demais neste canto de página da nossa Folha.
Diz ele assim: “Desejo viver muitos anos mais, a despeito dos desencantos da velhice. A verdade é que a velhice tem também os seus encantos. São encantos crepusculares, mansos, belos, tristes e efêmeros. “na velhice cada coisa que se diz é uma oração, palavra que brota do fundo de nossos desejos”.
Marco Tulio Cicero foi  grande advogado, orador,  filósofo romano que viveu no século 106, antes de Cristo, e é sempre lembrado,  sobretudo nas escolas de direito, como exemplo de sabedoria e mestre na nobre profissão advogado. Há um livro cuja autoria se atribui a ele com o título: Saber Envelhecer (uma edição de bolso pode-se comprar em bancas de jornal).
Fala-se muito hoje, especialmente, sobre a idade avançada das pessoas. Algumas gracinhas de mau gosto  lembram que os velhos dão bons conselhos porque já não podem dar maus exemplos. Maldade, ou Verdade? O certo é que a chamada “terceira idade” tem sido objeto de muita preocupação e muito estudo, atualmente.
Conheci em Jaú, quando ali estudei no ginásio, um senhor de 60 anos que dizia; velho de sessenta anos pode mandar matar porque não serve mais para nada. Claro que exagerava, sem razão alguma.  Hoje, e ainda nos tempos desse meu desconsolado amigo, aos sessenta,  a pessoa é tida como jovem.
Mas, voltando ao Cícero da Roma antiga e a seu livro sobre a velhice, destaco algumas pérolas que anotei nas minhas leituras. “Todos os homens desejam alcançá-la, mas, ao ficarem velhos, se lamentam”.  
São muitas as lições a tirar desse livro, por exemplo: “Os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam facilmente a velhice, ao passo que a acrimônia, o temperamento  triste e a rabugice  são deploráveis em qualquer idade”. É claro que quando  ele diz os velhos, dirige-se também às velhas, sujeitas às mesmas leis da vida e suas experiências.  
Rubem Alves encerra um dos seus textos sobre a velhice lembrando que cada poema é uma concha, como esta oração da grande poeta chilena Gabriela Mistral: “Daí-me Senhor  a perseverança das ondas do mar que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço”.

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