24 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Velho e Idoso são palavras sinônimas, ou seja querem dizer a mesma coisa. Nem sempre, porém, uma delas usada em lugar da outra terá a mesma força. O escritor norte-americano Ernest Hemingway escreveu o livro “O Velho e o Mar;” se tivesse escrito “O Idoso e o Mar”, certamente não teria a mesma força até mesmo poética, embora com o mesmo sentido que essas palavras têm. Leio agora crônica do jornalista francês Gilles Lapouge no jornal “O Estado de S. Paulo” (26/05/2020) com o titulo “Valor dos Idosos”.  Se fosse “Valor dos Velhos” teria o mesmo sentido, mas nem sempre uma palavra sinônimo de outra pode ser usada com igual força de expressão numa mesma frase.
Lapouge lembra que os sociólogos dividem os humanos em quatro grandes grupos segundo a idade: os mais velhos (nascidos entre 1944 e 1964) que viveram um período de prosperidade excepcional, um mundo em paz, chamado na França “os 30 anos gloriosos”. Em seguida, diz ele, vem a geração X dos que nasceram entre os anos 1966 e 1976 (alguns autores propõem outras datas entre 1961 e 1981 da geração que presenciou a queda do Muro de Berlim, o fim da guerra fria com as ilusões embriagadoras de um mundo apaziguado). Mas também chegou o período da AIDS e do pesadelo do emprego precário. Temos depois, a geração Y dos nascidos entre 1984 e 1986 que sofrem com o desemprego e o inicio da globalização. Finalmente os que nasceram entre 1996 e 2015 formam a geração Z, os chamados “zoomers”.  
O aquecimento climático é uma probabilidade que semeia o terror entre os jovens. O tempo da despreocupação e da felicidade acabou. E para completar, a ascensão dos populismos e a fadiga de ideia democrática, segundo Lapouge.
“Chega, então um inimigo invisível, o coronavírus que em poucos meses encheu os cemitérios com preferência pela carne murcha dos velhos. Estes não têm um grande poder de fogo. Nos asilos não dizem nada e se contentam em morrer”.  A França (Lapouge é francês), juntamente com outros países da Europa e também a China administram com brio esse problema ao entendimento de que não adianta cuidar dos velhos. Mas é importante reativar a economia, pelo que, naturalmente, deve ser dirigida a maior atenção dos governos, sem eles, os velhos, estarão sempre prontos para morrer.  Os países, inclusive França e Estados Unidos, perdem seus velhos, deixando-os à sua sorte porque são frágeis, sem utilidade. Será necessária maior demonstração de desvalorização da vida dos que já foram úteis, mas agora tidos como imprestáveis, verdadeiros intrusos num mundo que lhes nega espaço para poderem viver ainda um pouco e, se possível, bem com a atenção mínima, pelo menos, dos que lhes sejam mais próximos.

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