20 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Essa é uma expressão que me coloca, de novo, num mundo imaginário ligado ao tempo escolar. Quando frente a uma questão que a gente não sabia como resolver, o caminho indicado era "encher linguiça". Isso acontecia especialmente em caso  de exames, tanto os escritos, como o oral. Se não se sabia a resposta, o caminho indicado era encher linguiça, enrolar, sabendo-se do resultado negativo para a nota que viria. Ou seja, qualquer coisa servia para a resposta a um problema que não se sabia como resolver. Essa questão me vem à mente em razão de uma crônica de Luis Fernando Veríssimo sobre a "linguiça" (ver no Estado de S.Paulo, ed. de 29/10/2020).
Lembra ele que "grande parte do discurso público ouvido no Brasil não merece outra coisa além de ser pendurado na linguiça. Não se trata do que seja fabricado especificamente para confundir, ou retórica vazia do discurso político.  Para um de seus musicais na Broadway o compositor americano Stephen Sondheim escreveu uma canção na qual uma veterana atriz lamenta que sua vida acabou como um circo vazio, sem público, sem brilho, sem amor, sem nada. E ela canta: "que entrem os palhaços, pois só faltam palhaços para que o cenário de sua tristeza volte a ser um circo".
O mesmo melancólico fim nos espera, diz Veríssimo, num Brasil em que cada vez mais se parece com um circo falido. Para ser um circo, só faltam os palhaços. Onde estão os palhaços? Não é preciso procurá-los. Os palhaços somos nós".
Um brasileiro intelectual dos mais consagrados que temos, como esse  Luis Fernando Veríssimo, filho de Érico Veríssimo, é notoriamente, um desconsolado, a nos fazer companhia em nossos desconsolos, ou em nossas tristezas. Pelo menos, ele tem uma tribuna, O Estadão, por meio do qual fala para o Brasil todas as quintas-feiras. Além de outros jornais, revistas de grande circulação e palanques de importância nacional e mesmo internacional, já que é um dos mais prestigiados intelectuais, leitura obrigatória para todos os que querem e desejam um Brasil mais livre e liberto dessa atual carga que nos foi imposta pelo voto livre e esperançoso por dias melhores, que estão por vir, sabe-se lá  quando e como.
E vale destacar de seu texto que me inspirou  esta crônica, no qual Veríssimo lamenta o momento que vivemos: grande parte do discurso político ouvido no Brasil  não merece outra coisa além de ser pendurado na linguiça, pois não se trata do fake news fabricado especificamente para confundir, ou a retórica vazia do discurso político facilmente caricaturável, mas a língua com a qual o poder se comunica e se desnuda e expõe sua mediocridade.

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