23 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Elizabeth Bishop, poeta norte-americana, nascida no dia 8 de fevereiro de 1911, em Massachusetts, teria completado 100 anos de existência no dia 8 passado deste mês de fevereiro de 2011.  Como poeta não tem significado maior para nós brasileiros, embora tenha vivido no Brasil desde o ano de 1951 quando aqui desembarcou, aos quarenta de idade, retornando para os Estados Unidos quinze anos depois. Dizem que para aqui ela aportou por acaso, pelo prazer de aventuras e aqui encontrou talvez a maior aventura de sua vida: seu romance com a brasileira Lota de Macedo Soares com quem viveu uma conflituosa relação amorosa morando juntas numa casa de Lota em Petrópolis, Rio de Janeiro, onde ela teria vivido os dias mais felizes e infelizes de sua vida, segundo deixou escrito numa de suas numerosas cartas. Carmen L. Oliveira, escritora carioca, graduada em literatura, escreveu a fascinante história do amor de duas mulheres notáveis, no livro Flores Raras e Banalíssimas, da Editora Rocco, Rio/1995. A autora considera notáveis as duas, uma pela poesia, outra a brasileira, pela sua competência como arquiteta e urbanista, a quem o então exigente governador da Guanabara Carlos Lacerda entregou a tarefa para a criação do Parque do Flamengo, obra então realizada por Lota a quem o governador se referiu como “miúda e franzina criatura, toda nervos, toda luz”. Com razão porque Lota mudou a paisagem do Rio com sua criatividade e sua ousadia, mas foi alvo de violentas campanhas difamatórias, com críticas acerbas ao seu projeto, como é natural.

O livro de Carmen L. Oliveira conta tudo sobre essa relação de duas mulheres que se amaram e se consumiram envoltas por ciúme doentio, por desencontros muitos, ao ponto de Bishop se entregar à bebida, como verdadeira alcoólatra.  Lota, que se chamava Maria Carlota Costalat de Macedo Soares, morreu no Rio, sem o parque que lhe foi tomado pela politicagem e a chicana, no dizer de Lacerda (no livro, pág. 206).  Elizabeth, a poeta, morreu nos Estados Unidos, em 1979.  Eis porque registro neste canto de página o centenário de nascimento dessa poeta norte-americana, mais importante lá do que aqui, como escritora, mas importante por sua presença marcante entre nós, nas décadas de 1950 até 1970, envolta numa paixão doentia e em escândalos próprios de sua relação homossexual com uma brasileira ilustre no seu tempo, mas esquecida em nosso tempo. Sic transit gloria mundi.  E assim se esvaem as ilusões, as glórias e as maldades deste mundo. Ainda bem que assim seja. 

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Última modificação em Sexta, 11 Fevereiro 2011 10:18
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