20 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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É sempre bom recordar. Nos carnavais de antigamente havia corsos pelas ruas, fantasias, serpentinas (não eram as perigosas metálicas de agora), confetes (pedacinhos coloridos de saudade, como diz a marchinha); e havia bailes alegres, foliões ensandecidos nas celebrações de Momo, a Igreja sempre contra, pois o vigário lá em Torrinha impedia que fossemos aos bailes nos clubes, em cujas portas, vigilantes, estaria o Demônio a nos esperar com o garfo afiado para conduzir-nos ao pecado. Independentemente dessas ameaças brincava-se, alegrava-se de maneira mais ou menos sadia porque os excessos eram sempre inevitáveis. Mas gostoso mesmo era a espera das músicas, especialmente as marchinhas carnavalescas que a cada ano vinham novas e cada vez mais bonitas e alegres. Será que a moçada de hoje sabe o que foi A Jardineira, Aurora, Touradas em Madri e  tantas outras ?
O Attílio Pessotti no seu delicioso livro de memórias “Vila de São Bernardo” (edição da Prefeitura, 2007) traz um capitulo dedicado ao Carnaval e lembra que “os festejos carnavalescos em tempos antigos resumiam-se quase exclusivamente aos salões de bailes e eram realizados mesmo em período pré-carnavalesco, em qualquer sala improvisada”. Havia, inclusive, o costume de tradição católica de não realizar casamentos durante a Quaresma”. Acrescenta que “O melhor carnaval, nos anos 40,  era promovido pelos dois clubes de futebol, ambos em seu campo fechado, ao longo da Marechal Deodoro. Eram os áureos tempos da rivalidade entre o Esporte Clube São Bernardo, fundado em 1928, e o Palestra de São Bernardo, fundado em 1935. No Carnaval, em seus salões, promoviam-se aqueles memoráveis bailes, ou melhor, uma folia contagiante de música e colorido”.  Diz ele, ainda, que “O Carnaval, restrito a salões de baile, passou por vários anos de declínio e o povo em geral saciava a saudade ouvindo as imortais marchinhas e sambas que as emissoras de rádio transmitiam”.  À noite, a Marechal ficava repleta de povo curioso” para depois a cidade ficar deserta “e só se ouviam, a distância, os acordes musicais e as folias nos salões de baile”.
Hoje o que se vê são as Escolas de Samba desfilando, com os tais “sambas enredo”, muito sem graça, e o povo nas arquibancadas  passivamente deslumbrando-se. Meu caro Pessotti, de que nos adianta lembrarmos, saudosistas, de um tempo bonito que ficou lá atrás e que nunca mais voltará ?

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Última modificação em Quarta, 09 Março 2011 10:24
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