19 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Em homenagem ao Dia da Mulher (dia 8 passado), breves considerações sobre o tema. Nos meus primeiros tempos de seminarista em Pirapora do Bom Jesus, com apenas doze anos de idade, ouvia as mais estranhas lições sobre a igreja, seus cultos, sua doutrina.  Estranhas e ameaçadoras mensagens vindas pela voz de respeitáveis sacerdotes, os padres da Ordem Premonstratense, nossos mestres. Nos retiros espirituais, entre os temas a estudar estava a mulher e sua presença na igreja. Ouvíamos, assustados, que a mulher era impura, não podia sequer aproximar-se do altar, especialmente durante a missa e outras celebrações religiosas. Afinal de contas, a mulher (Eva) fora a causadora do pecado original ao tentar o homem (Adão) no Paraíso terrestre  com aquela história inverossímil da maçã.
A arqueóloga e historiadora Fernanda de Camargo-Moro, em estudo sobre a vida de Maria Madalena, a companheira dileta de Jesus, conta-nos dos esforços do Nazareno em incluir as mulheres no trabalho de pregação “afastando a idéia da pretendida impureza”, e da reação de seus doze apóstolos que não evoluíram “ao ponto de modificar seus conceitos sobre o feminismo e considerá-las iguais”. Suas intensas pesquisas para a elaboração do livro levam-na a concluir que “se com o Mestre vivo os 12 tinham um comportamento avesso e questionador em relação às mulheres, é evidente que, mesmo reconhecendo ser este o desejo sempre externado por ele, não viram com bons olhos a possibilidade de trabalharem com as mulheres na pregação da doutrina” (cf. A Arqueologia de Madalena  - uma busca histórica da companheira de Jesus – Ed. Record/SP, 2004, págs. 117/118).
Lembra a autora as poucas notícias sobre as esposas dos apóstolos, a não ser Pedro, que em sua missão foi acompanhado pela mulher. Tiago, irmão de Cristo,  tinha um olhar severo sobre a participação feminina no apostolado da época, como registra o livro, acrescentando que “mesmo nos Evangelhos, quando se descreve o episódio da Ressurreição, percebe-se a dificuldade em aceitar o testemunho de Madalena”. Registre-se que esta tem presença especial na vida de Jesus, apontada mesmo como sua mulher, no sentido de esposa, situação destacada no filme  A última tentação de Cristo, em que ele aparece depois da saída do sepúlcro, ainda com vida, morando com ela e gerando filhos.  É provável que a ciumeira dos apóstolos tenha influenciado suas reservas em relação à Madalena.  Hoje mudou-se a posição da igreja, que admite mulheres até mesmo como “ministras da eucaristia”, com presença visível nos altares em missas e em outros cultos religiosos.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Última modificação em Quarta, 16 Março 2011 10:58
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