19 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Passado o auge da comoção do Brasil pela morte do vice-presidente da República José Alencar, no dia 28 de março de 2011,quero agora aproximar dois mineiros ilustres que se juntaram num momento de tristeza nacional: o próprio Alencar e seu conterrâneo, o poeta Carlos Drummond de Andrade. O bardo nasceu em Itabira; o vice, em Itamuri, distrito de Muriaé.  Ao ensejo de sua morte a mídia disse tudo a seu respeito: homem simples, de visão empresarial e política (fora senador e depois vice-presidente da República, estabelecendo forte elo entre capital e trabalho para garantia do conceito de Lula, então desacreditado no meio do empresariado, nas eleições de 2002); religioso, humilde, conformado com o seu sofrimento (câncer e 17 cirurgias, num entra-e-sai dramático em hospitais daqui e dos Estados Unidos). Bom chefe de família, exemplo de homem púbico, rara exceção nesse permanente cipoal de safadezas político-administrativas de que a imprensa nos informa todos os dias, Alencar passa a ser referência agora e para gerações futuras, com assento garantido nas páginas dos compêndios de História do Brasil.
E onde fica a aproximação entre ele e Drummond ?  Num de seus poemas Elegia do Rei de Sião, o autor do conhecido e festejado “E Agora, José?” fixa-se na figura do rei pequenino, bonito, “que morreu especialmente para nos comover”. Eis aí a ligação.  Ninguém neste país, agora e pelos anos afora, duvidará de que Alencar, com a docilidade de sua figura humana, morreu também para nos comover, a cada um de nós e ao Brasil como um todo.  A atenção de grandes multidões em torno de sua vida, sua história, seu padecimento e sua morte, teve semelhança com outras comoções coletivas por ocasião das mortes de Ayrton Senna e de Tancredo Neves (outro mineiro !).O rei de Sião, imaginário no poema de Drummond, será apenas uma ficção.  Alencar, não.  Foi real, saiu do povoado de Itamuri para o Palácio do Jaburu, em Brasília, e daí para a eternidade de uma figura de carne e osso que nunca se afastou de suas raízes e dos ensinamentos de seu pai. Foi por tudo isso e muito mais da sua marcante personalidade que ele morreu “especialmente para nos comover”.  A nós, e ao Brasil.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Última modificação em Sexta, 29 Abril 2011 13:38
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