25 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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O sempre saudoso prefeito Lauro Gomes tinha sobre sua mesa de trabalho uma placa com estes dizeres: mais conheço os homens, mais gosto dos cachorros. Exageros à parte, não resta dúvida, mesmo para os que não morrem de amores por cães, que a fidelidade destes tem sido sempre tema para conversas e inspiração para a arte, inclusive na literatura. E há os fanáticos que se associam aos clubes da categoria, mulheres especialmente as que vivem só, que mantêm o animal na base de um ente familiar, chamam de filho e o tratam como tal. Descubro nos meus guardados um poema do russo Ivan Turguêniev, traduzido por Rubens Figueiredo, exemplar no destaque para a associação e, de certa forma, a identificação homem-cachorro. A poesia é em verso livre, como um colóquio, que reproduzo:
“Nós dois no quarto: meu cachorro e eu. Lá fora a tempestade uiva, desenfreada, assustadora./O cachorro está sentado à minha frente e me olha direto nos olhos./Eu também olho para os olhos dele./Parece que quer me dizer alguma coisa. É mudo, sem fala, nem entende a si mesmo – mas eu o entendo./Entendo que neste instante, nele e em mim, vive o mesmo sentimento e entre nós não existe a menor diferença. Somos idênticos; em cada um, arde e brilha a mesma chama, pequena e trêmula./A morte virá voando, vai abanar sobre essa chama suas asas frias e largas.../E fim!/Depois, quem poderá distinguir que chama ardeu em cada um de nós?/Não! Não são um animal e um homem que se olham.../São dois pares de olhos idênticos, concentrados um no outro./E em cada par de olhos, no animal e no homem, a mesma vida assustada tenta se agarrar no outro”.
Amiga minha tinha uma cachorrinha yorkshire que, segundo ela, só faltava falar. Eram tais os carinhos dela para com a cadelinha que o veterinário certa vez lhe disse: o animalzinho precisa levar o mais possível uma vida de cachorro! E, em geral, é assim mesmo, a identificação entre uma pessoa e seu cão de estimação. Mas daí, a tratar o animal como gente, vai um exagero e um acinte aos que, como pessoas carentes, levam verdadeira vida de cachorro. Pois não é que existem confeitarias a produzir guloseimas para os cães ?  E clínicas com serviços de psicólogos para eles ? Sem dúvida há um mundo à parte nessa coisa de cachorros tratados como gente, lembrando o foclórico ministro do trabalho, no governo Collor, o sindicalista Antonio Magri para quem “o cachorro é também um ser humano”.
Pode?

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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