25 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
Lido 551 vezes
Avalie este item
(0 votos)

Há uma curiosidade nessas duas eras (1946 e 1964), além da simples inversão dos algarismos.
1946 foi ano de eleição depois da queda de Getúlio Vargas, deposto pelos militares em 25 de outubro de 1945, após ter ficado 15 anos no poder desde a revolução de 1930. Da eleição, saiu escolhido o presidente Eurico Gaspar Dutra, matogrossense,  que foi Ministro da Guerra de Getúlio e apoiado por este.  A Via Dutra que liga São Paulo ao Rio é homenagem a esse ex-presidente.
1964 foi o ano da chamada “revolução”, outro golpe dos militares sob o pretexto de combate aos “comunistas” que estariam gravitando em torno de João Goulart, vice presidente de Jânio Quadro que assumiu o poder depois da desastrada renúncia deste em 25 de agosto de 1961.
Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, que era governador do Rio Grande do Sul quando do movimento de 1964, reagiu a esse golpe,  teve cassado seu mandato pelos militares, foi exilado e só retornou ao Brasil após a lei da anistia, ainda no governo de João Figueiredo, o último presidente militar oriundo do golpe de 1964.
Retornando ao Brasil, Brizola veio a São Bernardo, depois de contato comigo, então prefeito. Queria conhecer Lula e o Sindicato dos Metalúrgicos onde foi levado por mim. Alí foi hostilizado e vaiado pelos dirigentes daquela entidade e de uns poucos trabalhadores previamente escalados para receber mal o visitante. Foi constrangedor, mas estava dentro do script, como relata o jornalista José Nêumane Pinto em seu recente livro O Que Sei de Lula (Editora Topbooks/SP). É que os militares, de olho em Lula, apostaram nele como figura popular capaz de se opor à liderança de Brisola, que temiam em razão de seus antecedentes ideológico-políticos. Tanto assim foi que esse líder sul-riograndense  ao voltar ao Brasil tentou reinventar o PTB de Getúlio, o que lhe foi negado pela Justiça Eleitoral que, ainda por influência dos milicos, deu de bandeja a legenda trabalhista para a então deputada Ivete Vargas,  sobrinha de Getúlio . Daí, surgiu o PDT (Partido Democrático Trabalhista) fundado por Brizola e por ele presidido durante anos. Sucedeu-o no comando nacional da sigla o notório Carlos Lupi, Ministro do Trabalho de Lula e de Dilma. Ficou bem claro que os militares apostaram em Lula e até mesmo no PT, como instrumentos para afastar a liderança de Brizola da massa de trabalhadores até então seguidores da cartilha getulista.  O tempo se encarregaria de mostrar por fatos que a mensagem de renovação  do PT não passou de engodo o que vem determinando o afastamento de expressivas lideranças das hostes comandadas por Lula. São fatos verídicos que precisam ser relembrados a fim de bem situar na História do Brasil contemporâneo as influências de Lula e de seu partido político.

(continua este apertado resumo na próxima semana, nesta coluna).

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Folha Do ABC

A FOLHA DO ABC traz o melhor conteúdo noticioso, sempre colocando o ABC em 1º lugar. É o jornal de maior credibilidade da região
Nossa publicação traz uma cobertura completa de tudo o que acontece na região do ABCDM.

Mais nesta categoria: Mamãe Clory »

5 comentários

Deixe um comentário

Make sure you enter the (*) required information where indicated.Basic HTML code is allowed.

Main Menu

Main Menu