09/02/13

Isso mesmo. O líder cubano Fidel Castro foi eleito deputado domingo passado para integrar a Assembléia Nacional que se compõe de 612 deputados todos pertencentes ao único partido político, o Partido Comunista Cubano. Aos 86 anos de idade, debilitado, depois de governar a ilha por várias décadas, nomeou para sucedê-lo seu irmão Raúl Castro. Enfim, os donos de Cuba, da dinastia Castro, de irmão para irmão, com pouco tempo, provavelmente, para se manterem no comando do governo local, por via de um curioso direito sucessório muito especial.
Só acredita quem quiser que possa haver eleições livres num regime ditatorial, com um só partido disputando votos e eleitores, por certo, induzidos, forçados a eleger os candidatos oficiais. Oposição, nem falar, porque os opositores do regime estão presos nos porões implacáveis sob as grades controladas pelo governo. Enfim, uma farsa com o propósito de iludir a opinião internacional, como se essa opinião se deixasse facilmente enganar.
A ladainha oficial de Cuba é sempre a mesma. Segundo divulgação pelos jornais por aqui, Fidel, eleito, deitou falação por mais de uma hora aos seus eleitores, como de hábito, conclamando-os à revolução permanente. O jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista, reproduziu a fala do velho líder que com voz fraca saudou a "participação popular na eleição". Transcrevo trecho de sua oratória, segundo jornais brasileiros: "O povo é realmente revolucionário, realmente tem se sacrificado . Não precisamos provar isso, a história provará. Cinquenta anos de bloqueio econômico dos Estados Unidos, e ele (povo) não desistiu". Que remédio ?  Qual a saída que o governo oferece ao povo, senão aderir ao poder dominante, ou sofrer as consequências de sua  contida rebeldia.  
Mas há sinais de abertura. A blogueira jornalista cubana  Yoani Sánchez foi autorizada, depois de muitas negativas do governo,  a sair do país para visitas a países estrangeiros, inclusive o Brasil. Ela tem sido uma voz importante denunciando o regime cubano, por meio da internenet, onde não há liberdade de expressão, nem permissão para manifestação pública de ideias e opiniões,  onde os opositores são sumariamente processados, condenados e metidos na cadeia.
Vale sempre lembrar que não se pode enganar todo o povo todo o tempo. Um dia a casa cai. Pode demorar, mas cai.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.