25 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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20/04/13

Nesse corre-corre de todos os dias, de todas as horas, não se encontra tempo para parar e  para pensar. Pensar no ontem das boas coisas vividas, nas lembranças de tantas vivências, de preferência alegres e também das tristes.  Lembrar do pai, da mãe que se  foram e estão distantes do nosso tempo e de nossas aflições. Folheio agora, em noite de um dia agitado e produtivo, um pequeno livro de poesias, tirado do fundo da prateleira, ou seria do baú, escrito pelo colega e amigo morto em 1955. Seu nome, Mário Lúcio Segre. O livro, "Primeiras Poesias", que acabaram por ser as únicas, pois o autor morreu moço, no auge de uma vida feliz, recém formado advogado, meu colega de turma nas Velhas Arcadas do Largo de São Francisco, primo-irmão da Léa minha saudosa mulher, que ele me apresentou em festinha familiar de aniversário. E, então tudo começou para terminar mais cedo do que deveria, privando-me da companheira, mãe de nossos cinco filhos, dos quais um ela viu partir mais cedo. O outro partiu há pouco ficando a dor reservada unicamente para mim. Se vivo fosse, Mário teria sido meu companheiro de escritório, inteligente e vivo que era, rápido no pensar, estudioso, dedicado, verdadeiro "Caxias", na linguagem usual dos companheiros  da Escola.
Releio seus poemas agora, menos pelo prazer intelectual e mais para preencher o vazio da saudade, homenageando-lhe a memória, tão distante está sua morte nos idos de 1955, esposa e dois filhos relegados à solidão e à saudade. E eu, fixando neste espaço de jornal estas lembranças, que dirão de mim eventuais leitores sobre tristezas  muito pessoais de pouco ou nenhum interesse para quem as lê. Mas assim será com todos, sempre. Perdoem-me o chavão, mas tudo é tão fugaz, e nós insignificantes partículas enfrentando a natureza, destruindo a cada instante seu ar, suas cascatas e florestas, irresponsavelmente, irremediavelmente. E sem agradecer os crepúsculos que ela nos oferece como brinde, indefesa quanto à nossa predadora ignorância. Ela não se defende, mas vinga-se de nós a cada dia. É olhar à nossa volta e sentir a vingança da mãe natureza com tanto empenho em nos castigar, mal agradecidos que somos.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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