20 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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08/06/13

As festas juninas aí estão. E a antiga música carregada de poesia que nos diz: "Noites frias tão frias de junho/os balões para o céu vão subindo/e as estrelas aos poucos se abrindo/envoltas num tênue véu/os balões devem ser com certeza/as estrelas daqui deste mundo/que as estrelas do espaço profundo/são os balões lá do céu". O inverno lembra fogueiras, fogos de artifício e os santos protetores deste tradicional festejo folclórico brasileiro. E vem-nos à lembrança outra canção: "Com a filha de João, Antonio ia se casar, mas Pedro fugiu com a noiva na hora de ir pro altar. A fogueira está queimando, os balões estão subindo, Antonio estava chorando e Pedro estava fugindo. E no fim dessa história, ao apagar-se a fogueira, João consolava Antonio, que caiu na bebedeira". Não se fazem e nem se cantam mais letras assim tão singelas e poéticas.
E, pois, nas letras brejeiras, ingênuas, de antigas marchinhas, a louvação das três personagens do nosso folclore junino: Antonio, João e Pedro. E mais os balões (hoje proibidos), a fogueira, o quentão para a bebedeira de Pedro e o drama da traição da filha de João.
Neste mês os festejos juninos vão se realizando nas escolas, nas fazendas, nos bairros, até mesmo em ruas movimentadas das cidades grandes. E nas paróquias, as tradicionais quermesses.  E, ainda, as quadrilhas, a famosa dança das festas de junho.  Consta que a inspiração nos veio diretamente da França, hoje com uma coreografia bem típica do nosso meio rural, embora mantendo palavras francesas como tour, balancer e muitas outras.  As vestimentas: para as moças e meninas vestidos de chita, chale, trancinhas no cabelo; para os meninos/rapazes calças remendadas, chapéu de palha, camisa xadrez, lenço no pescoço, botinas, cigarro de palha na orelha, tudo regado quentão de pinga ou vinho, com o tempero de gengibre. E o infalível "casamento" caipira.
No Nordeste as festas juninas varam as noites e os dias, em comemorações de muita tradição e muita alegria, como as de São João em Caruaru e Campina Grande as mais famosas da região.
É bem verdade que há, nesse entretenimento, uma certa caricatura do nosso caipira, quando, por exemplo, se pinta um dente de preto para mostrar-se banguela, ou colocando remendos nas calças para evidenciar a pobreza rural. Há também as calças rasgadas e desfiadas, mantendo a tradição. Temos o dever, todos, de estimular a continuidade dessa alegria, para temperar com esse humor sadio as dificuldades do nosso corre-corre diário. E junho aí está com esse frio gostoso, as festanças alegres, bonitas, com fogueira, música, quadrilhas, quentão, mas - que pena -, sem balões, esse personagem hoje perigoso, abolido, mas ainda solto, por vezes, clandestinamente. E viva São João!

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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