16 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Não é moda de viola, mas foi consagrada por ela, cantada e tocada à exaustão ao ensejo de seu falecimento ocorrido no dia 8 de março, em São Paulo, cidade onde nasceu e morreu. Claro que me refiro a Inezita Barroso, que perenizou a música “Lampião de Gás”, entre tantas outras. Era a Dama Caipira que lutou, como poucos, para manter viva e divulgar nossa música de raiz. Lí, nos diversos registros de seu óbito que teria sido ela a primeira mulher a gravar em disco moda de viola. Acredito. Mas, em verdade, até onde eu sei, quem primeiro fixou num 78 rotações a moda de viola foi Cornélio Pires, o caboclão de Tietê, contador de lorotas de caipiras, com o famoso Bonde Camarão. Dizia a letra: “Lá em São Paulo o que mais me amola é esses bonde que nem gaiola, cheguei abriram a portinhola, levei um tranco, quebrei a viola”.
O bonde camarão era fechado, verdadeira gaiola, que Cornélio retratava na sua cantiga a um só tempo ingênua e maliciosa. Mas, voltando a Inezita, o que mais se destacou em seu velório, na Assembléia Legislativa, na Capital, pela emoção que provocou, foi a participação da Orquestra de Berrantes, de Mauá, do nosso ABC, enfeitando aquele momento de tristeza pelo adeus de todos nós em sua despedida. Tive rápido contato com ela, há tempos, por telefone, pleiteando a apresentação em seu programa “Viola, Minha Viola”, na TV Cultura, da Orquestra de Viola de Torrinha. Pediu-me que procurasse o produtor do programa, o que não consegui, o tempo passando, e a frustração de não poder trazer a moçada violeira da minha Torrinha para a TV. Agora, não dá mais. Inezita Barroso fez parte de um grupo de abnegados artistas que insistem em preservar nossas raízes culturais enfrentando a avassaladora onda de deturpação desses valores de nossa mais entranhada cultura cabocla. Ela resistiu, por exemplo, a trazer para seu programa enfeites como teclado, sopro e outras variedades instrumentais que desfiguram a verdadeira música caipira. Sim, porque há por aí verdadeiras caricaturas das nossas duplas caipiras, com trajes inadequados, tipo cow boy americanizado, correntes no peito, cinto com medalhão, adereços os mais exagerados, que nosso caboclo jamais usou ou usaria. Ainda há pouco morreu o José Rico que com Milionário, compunha a dupla consagrada. Mas o Zé Rico, convenhamos, exagerava nos enfeites que trazia no peito, nos braços, nas mãos. Quem não gosta de sua “Na estrada da vida”. Ainda existem por aqui no interior de São Paulo, de Minas Gerais, do Mato Grosso, caipiras autênticos que não se deixam levar por modernidades estranhas ao seu mundo e à sua cultura. Inezita defendeu, sempre, a autenticidade de nossas raízes na música caipira/sertaneja, a legítima. Dizia: “Sou sertaneja/Não me nego e faço gosto/Tá escrito no meu rosto”. A letra é de Adauto Santos, outro craque desse time valoroso que defende as belezas culturais do sertão. Atenção, Rolando Boldrin, caboclo de São Joaquim da Barra-SP. Segura a peteca. Não deixe ela cair. A Inezita está de olho, vigiando, lá de Cima.

Última modificação em Quarta, 18 Março 2015 09:24
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