24 Apr 2024


Beltran Asencio, fotógrafo de São Bernardo

Publicado em TITO COSTA
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Ele foi, realmente, o artista que focou, por todos os ângulos, e em todas as situações mais especiais, os fatos, a vida, a evolução da cidade e da sociedade de São Bernardo. Ele, Beltran Asencio, poeta da fotografia, amante incondicional dessa arte que consagrou a tantos, entre os quais Sebastião Salgado, esse mineiro ilustre que clicou o mundo.
Beltran faleceu em 21 de setembro deste ano de 2015, nesta nossa São Bernardo por ele imortalizada pela imagem. Sim, porque esteve presente, com sua inseparável máquina de fotografar, fixando para a História, todos os acontecimentos que desde 1951 (ano da chegada triunfal de Lauro Gomes como candidato a prefeito), iriam marcar a evolução da vida e dos esforços de um povo determinado em sua busca de progresso. São Bernardo era, então, pequeno burgo de quarenta mil habitantes, sendo hoje esse gigante, ainda a capital do móvel e do automóvel.
E assim foi a dedicação de Beltran até os últimos instantes de sua então já combalida saúde que, implacável, levou-o de nosso convívio.
Conheci Beltran desde esses tempos memoráveis de 1951. Ele e eu, jovens ainda, participando dos sonhos voltados para uma reviravolta que mudaria os destinos da cidade. Sim, porque São Bernardo até os anos de 1950, 1951, era conhecida por meio das colunas policiais dos jornais. Havia tiroteios e mortes, luta pelo poder municipal, ocasião em que foi abatido um vereador em plena rua, até então pouco movimentada. A cidade era governada pela prefeita Teresa Delta, nomeada pelo governador Adhemar de Barros, nomeado por Getúlio. Não havia eleições nesses tempos da ditadura Vargas, no chamado Estado Novo, gerido e controlado pela Constituição de 1937, por ele imposta ao Brasil.
Beltran e eu trabalhávamos com Lauro na incipiente tarefa de rearrumação da vida administrativa da cidade, com Rita Zincaglia, a secretária do prefeito, a partir de 1952, entre tantos outros mais próximos dele.
Mas, antes disso tudo, o olho de Beltran e de sua inseparável máquina de fotografar, já marcavam presença registrando em 1949, ainda em seus primórdios, a depois celebrizada Procissão dos Carroceiros, em homenagem a Nossa Senhora da Boa Viagem. Havia, sim, carroças nas ruas e “batateiros” movimentando a vida e os costumes da cidade. Depois, muito depois, chegam os automóveis com as montadoras aqui instaladas, trazendo riqueza para o município e, hoje problemas insolúveis, em razão do congestionamento de nossas ruas e estradas, dada a proliferação inesgotável de veículos automotores a infernizar e, ao mesmo tempo, alegrar a tantos, na ilusão de um enganoso e avassalador progresso.
Beltran não mais verá isso que agora chamamos de progresso. Mas, nos deixou sua obra perene (preservada com especial carinho pelo nosso jornalista/historiador Ademir Médici), quão perene possam ser as obras humanas em nosso dia a dia nesse tão difícil, e por vezes alegre, oficio de viver. Requiescat in pace, com sua alma boa e seu coração de artista, querido e saudoso Beltran Asencio.

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