19 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Ganhou destaque na imprensa, semanas atrás declaração do Ministro das Finanças do Japão Taro Aso sugerindo que os idosos se apressem para morrer, a fim de ajudar o governo a reduzir gastos e, assim, diminuir o déficit na seguridade social. Uma nova insólita modalidade de o governo solucionar problemas: sugerir que se matem os que causem demasiado ônus ao tesouro público. Fácil, estranho, absolutamente indiferente a um mínimo de respeito pela pessoa humana. De meu lado, eu, nonagenário, entendo como é difícil cumprir os encargos que nos impõe o difícil oficio de viver. A longevidade paga altíssimo preço para isso. Começa por ter de aceitar o que se chama de novos tempos: a falta de educação que campeia em todas as camadas sociais, até mesmo, e principalmente, nas mais abastadas e instruídas. A velhice obriga-nos a conviver com problemas quase insolúveis para cujo desate nada se pode fazer: a criminosa devastação da floresta amazônica, a degradação do meio ambiente com a evidente vingança da natureza em face da fúria do homem contra ela, que não pode defender-se, mas se vinga; a crescente violência em todo o mundo, a insegurança nossa de cada dia, a tragédia das drogas e dos drogados, o ensino decadente nas escolas, alunos mal educados e desrespeitosos, a decomposição do ambiente e da convivência familiar. A lista é longa demais. E alguém se preocupa com isto?
A passagem inevitável do tempo impõe-nos indesejada decadência, sobretudo física, mas sugere-nos, no entanto, transformação, para aceitar a trágica realidade destes tempos de indiferenças e egoísmos. Dir-se-á que sempre assim foi. Não é verdade. A fragilidade humana revela-se mais acentuada na medida em que o progresso nos traz conquistas na ciência, na tecnologia, na medicina, capazes de, paradoxalmente, prolongar a vida, sem afastar decepções e inconformismos.
Viver muito é perder amigos, familiares, companheiros de uma viagem da qual vão desembarcando pelo caminho, deixando-nos em inevitável solidão, distanciando sonhos e esperanças. E deixando-nos, de tudo, e por consolo, uma triste, uma imensa saudade.

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