19 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Ele  se chama Edson Aparecido Carvalho, homem de rua, pedreiro, dorme no cemitério da cidade de Marialva no Paraná (34 mil habitantes),  porque não tem onde morar.  Conta que um dia foi contratado para fazer um túmulo alí e viu que tinha uma capelinha vaga de onde uma ossada havia sido retirada e que o dono não mais apareceu. Pronto! Disse que achara  onde ficar e onde passou a dormir há  mais de dez anos, sem ser incomodado por pessoas vivas e, claro, nem por seus vizinhos aí sepultados.  Alheio a crendices ou histórias de mortos que vagam à noite, entre os túmulos, diz ele que deseja apenas descansar  dentro do silêncio das suas noites de recluso no Campo Santo.
Na pequena cidade de Marialva, Carvalho tornou-se figura folclórica, onde é conhecido como o “morto-vivo” e todos sabem que é  o invasor noturno da cidade dos mortos. A Prefeitura local já o notificou para que se mudasse de seu curioso “dormitório”, mas ele tem ignorado a intimação, pois vive  e dorme muito bem ali, usando para suas necessidades fisiológicas  e para seus banhos, assim como para lavar suas roupas, as torneiras e os banheiros públicos mais próximos. Ninguém se incomoda com ele, nem ele incomoda a ninguém, pulando os muros do cemitério municipal todas as noites para o seu repouso, que não é “eterno”.
Diz a notícia de jornal de onde tiro estes dados que ele fatura em torno de 700 reais por mês em serviços de pedreiro em construções diversas,  inclusive no cemitério.  Come de marmita quando não cozinha suas refeições num fogareiro próprio, talvez o único bem de sua propriedade.
A Prefeitura cogita dar-lhe uma casa em terreno público, sendo esse problema já discutido na Câmara de vereadores, onde não faltam os que o defendem, e também os contrários a essa situação inusitada. Claro que o caso encerra material para demagógicas  manifestações políticas, bem como críticas a ele que não pode ser considerado morto, embora hospedeiro no campo dos mortos. A destruição da capelinha onde dorme Edson Aparecido tem sido sugerida por alguns para os quais, por certo, seu sono noturno não traz qualquer incômodo.  E os mortos, claro, não estão nem aí com seu hóspede  inofensivo.  Diz ele que nunca viu alma de outro mundo, mas já viu casais que se escondem alí para transar, ou para fazer algum “despacho” nesse ambiente propício a manifestações de crendices populares.  Assim, indiferente, prossegue o nosso  estranho cidadão que, muito vivo, freqüenta  a região dos mortos, que nunca protestaram por tão significativa  quanto original invasão.

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