Editorial

136 anos da Proclamação da República

O Brasil celebra, neste sábado (15), 136 anos da Proclamação da República. O dia 15 de novembro de 1889 foi uma data histórica para o País, pois marcou o fim da monarquia e o início de um novo ciclo, pautado pelos ideais de liberdade e igualdade, propagados pelas revoluções francesa e americana.
A Proclamação da República representou o capítulo final de um longo período de evoluções sociais, econômicas e políticas no Brasil que atingiu o ápice no final do século XIX. Ainda que o movimento republicano tenha eclodido em 1889, ele já se manifestava em outras ações pelo país, tais como a Inconfidência Mineira (1789) e a Revolução Pernambucana (1817), que são considerados exemplos claros do anseio de parte da sociedade brasileira por maior liberdade e autonomia política de orientação republicana.
Na segunda metade do século XIX, a crise do Império foi agravada pela abolição da escravatura, por rusgas na separação entre o Governo e a Igreja, e pelo distanciamento entre a Coroa e as lideranças militares. Assim, ideias positivistas foram o catalisador que faltava. Defendidas por grupos de civis e militares, propalavam o bem-estar da sociedade, pautados na ordem e no progresso. Nesse contexto, o desejo de mudança se precipitava.
Se de um lado havia insatisfação entre os militares com salários e com a carreira, além do desejo comum de manifestar suas posições políticas (algo que tinha sido proibido pela monarquia). Havia também descontentamento entre elites emergentes com a sub-representação na política da monarquia. Grupos na sociedade começaram a exigir maior participação pela via eleitoral. Esses grupos se uniram em um golpe que derrubou a monarquia e expulsou a família real do Brasil.
Desta forma, em 15 de novembro de 1889, a partir da articulação política de homens como José do Patrocínio, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa e Deodoro da Fonseca, o Brasil se abriu pacificamente para uma nova fase de sua história. Com a Proclamação da República, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu como primeiro presidente do Brasil.
A Proclamação da República mudou radicalmente a história do País. Além da mudança da forma de governo, o Brasil passou a ser uma nação com poder descentralizado, com a implementação do federalismo. No sistema eleitoral, o critério censitário foi abandonado, e foi estabelecido o sufrágio universal masculino para homens com mais de 21 anos.
O Brasil se tornou um Estado laico, e o presidencialismo tornou-se o sistema de governo. A organização da república tomou forma quando foi promulgada uma nova Constituição no ano de 1889. Apesar de ter sido um golpe militar, o movimento que culminou na Proclamação da República foi impulsionado por anseios sociais por maior participação popular e modernização do país.
Esse evento histórico representou não só o fim do regime monárquico no Brasil, que já estava fragilizado e não conseguia mais atender às novas demandas da sociedade, mas um grande exemplo no qual a mudança ocorreu, da monarquia à República, graças à união de ideias de setores distintos da sociedade. Algo que na atual realidade é difícil imaginar que possa ocorrer.
A polarização partidária, que ainda divide o Brasil, é um dos maiores males da história da nação, pois ela fomenta o ódio, a intolerância e a estagnação do País. Com essa divisão da população fica impossível que haja consenso para que o debate político social se transforme em ações de mudança para os problemas do Brasil, tais como a segurança, educação, saúde e meio ambiente.
Todos são envoltos em um ciclo constante de oposição e afrontamento de ideias do “outro lado”, que levam a cegueira e ignorância intelectual para enxergar que a diversidade leva a construção de ideias mais consistentes para que haja real mudança necessária ao Brasil. Até quando a polarização e sua estagnação de ideias e mudanças tomará conta dos brasileiros?

Adicione um comentário

Clique aqui para adicionar um comentário