Política

No LIDE ABC, Derrite defende a revisão da audiência de custódia

Guilherme Derrite: secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo

O secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, participou, na quinta (26), de debate promovido pelo LIDE ABC, sobre o tema: “Segurança Pública no Estado de São Paulo”, em um restaurante da cidade.

O encontro reuniu empresários, lideranças e autoridades da região, entre eles o presidente estadual do PSDB, Paulo Serra; a deputada estadual Ana Carolina Serra; o prefeito Gilvan Ferreira; o presidente do LIDE ABC, Jarbas Marques; o CEO do LIDE ABC, Walter Dias, entre outros.

Na ocasião, Derrite falou sobre a melhora dos índices de segurança do Estado, na comparação com 2024. Entre os indicadores, estão as quedas de 15% dos latrocínios, queda de 14% em relação a roubos em geral; de 22% de roubos de carga; de 8,2% de roubos de veículos.

Também mencionou os resultados de janeiro a abril deste ano. Houve queda de 17,31% no índice de roubos em geral; 18,64% no de roubos de veículos; 4,35% nas vítimas de homicídio e aumento de 4,35% (1,7 toneladas) de drogas apreendidas.

À Folha, o secretário falou sobre a estratégia de combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas. Confira.

CRACOLÂNDIA

 “O Centro deixou de ser atrativo para a cracolândia”, declarou Derrite. De acordo com o secretário, houve a diminuição de 50% a 60% de roubos e furtos no Centro de São Paulo e, sobre a Cracolândia, disse que foram identificados cerca de hotéis que eram utilizados para armazenar e distribuir drogas, dando suporte ao tráfico. “A droga vem da Bolívia, é refinada no litoral, era levada para a Favela do Moinho, que distribuída para esses hotéis, que armazenavam a droga e forneciam espaço para o usuário. O principal ponto é que elas usavam o CNPJ das hospedarias e dos hotéis para lavar o dinheiro do tráfico. Tinha hotéis que faturavam de R$ 15 a R$ 20 milhões de drogas por mês”, contou.

Segundo Derrite, a Justiça determinou o bloqueio de até R$ 5 milhões em cada uma das hospedarias. Cerca de R$ 52 milhões foram retirados do crime organizado e estão sendo utilizados para a compra de viatura, munição e armamentos. “Se somarmos 2023, 2024 e 2025 identificamos mais de R$ 20 bilhões em lavagem de dinheiro do PCC no Estado de SP. Buscamos uma iniciativa, por conta de uma lei federal de 1998, que permite uma lacuna ser regulamentada via decreto nos Estados, o sequestro do recurso da lavagem de dinheiro do crime organizado ser beneficiado pelo próprio Estado, porque na prática ia para o governo federal”, explicou.

FURTO DE CELULARES

Derrite revelou que foi realizado um projeto piloto, no qual está sendo finalizada a fase de teste, e que possibilitou que de 1 mil celulares furtados, 674 aparelhos fossem devolvidos. O secretário explicou que a Polícia Civil enviou para as operadoras os números do IMEI dos celulares furtados, pedindo para que elas informassem o CPF veiculado. No cruzamento de dados, onde foi encontrado duplicidade, foi solicitado que os indivíduos apresentassem a nota fiscal do aparelho e caso contrário, responderiam por receptação. “No dia 7 de julho vamos fazer uma grande operação. O objetivo não é só recuperar é entregar de volta o celular para as pessoas”, afirmou.

MURALHA PAULISTA

Sobre o programa estadual ‘Muralha Paulista’, Derrite contou que já foram investidos cerca de R$ 527 milhões para a integração com os municípios. “Será instituído, via decreto, para integrarmos todas as informações do Estado e fornecer os dados da secretaria de segurança pública para os municípios. São 205 municípios com guarda municipal em São Paulo que, muitas vezes, tinham suas câmeras e passavam a informação para o Estado e não recebiam o alerta de volta. Agora, além de receber o alerta, a foto do indivíduo procurado pela Justiça, caso o município tenha o equipamento com capacidade de reconhecimento facial”, disse.

De acordo com o secretário, para os municípios que não têm capacidade de investimento, o Estado vai fazer “uma grande licitação para preencher essas lacunas”.

No ABC, segundo Derrite, São Caetano é o primeiro município da região a estar totalmente integrado. “Mas todos os outros estão adiantados, em uma fase muito boa, todo o Estado vai operar até final deste ano”, garantiu.

Walter Dias, Guilherme Derrite, Ana Carolina Serra, Paulo Serra, Jarbas Marques, Naura Denai e Gilvan Ferreira

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

O secretário defendeu a revisão da audiência de custódia ao afirmar que 2% do PIB está sendo consumido pela falta de segurança, impunidade e segurança jurídica. “Isso precisa de coragem para alguém pautar, estou infernizando a vida de todos os deputados, senadores. Defendemos como propósito de vida a revisão da audiência de custódia. Defendo, para mim, tinha que acabar, mas como sei como é o jogo no campo político, dá para defendermos o meio termo, não tem direito a audiência de custódia aquele que cometer crime hediondo equiparado mediante violência ou grave ameaça ou for reincidente criminal. Já elimina 95% da possibilidade, para dizer que não sou um radical da audiência de custódia”, frisou.

ELEIÇÕES 2026

Derrite, apesar de ter tido seu nome ventilado como possível candidato ao Governo de São Paulo, caso o governador Tarcísio de Freitas dispute a presidência da República em 2026, defendeu a reeleição. “O governador Tarcísio de Freitas, sendo candidato à reeleição, não vejo ninguém para tirar dele essa próxima eleição e se não for ele, será alguém muito alinhado ao governador, espero eu”, enfatizou.

PEC DA SEGURANÇA PÚBLICA

Em relação à PEC da Segurança Pública, Derrite disse que ela “não ataca a raiz do problema” da criminalidade. “Não resolve absolutamente nada. A PEC basicamente muda o nome da Polícia Federal, tira autonomia dos governadores, à medida que impõe diretrizes de natureza obrigatória para os governadores. Temos um país com dimensões continentais e cada realidade é diferente, o crime tem algumas características similares, mas é diferente em cada Estado e é uma política pública em que o governador assume a responsabilidade”, disse.

Na avaliação do secretário, o governo federal deveria criar um sistema de combate nas fronteiras para evitar que a droga entre e saía do Brasil. “Temos que atacar e asfixiar o crime organizado, cuja principal fonte de receita é o tráfico de drogas e a droga está entrando. As diretrizes obrigatórias são um absurdo e se for para falar sobre pacto federativo, vamos levantar a bandeira e deixar cada estado legislar sobre matéria penal. O Congresso deveria aproveitar essa janela de oportunidade e criar, nessa comissão mista que vai analisar essa PEC, e alterar completamente esses pontos infraconstitucionais”, defendeu. 

Adicione um comentário

Clique aqui para adicionar um comentário